Estudante acusa Mackenzie de racismo institucional; professores rebatem denúncia

Universidade reprovou trabalho de conclusão de curso sobre racismo na psicologia; estudante ainda acusa a instituição de não ter dado a orientação adequada; orientadora e coordenador do curso rebatem as acusações e informam que o trabalho continha plágio

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A aluna Michelle Euzébio Carvalho prestou queixa na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, acusando a instituição de racismo institucional. O seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre racismo e psicologia foi reprovado e ela alega que houve falta de auxílio da orientadora, que nega a acusação [confira ao final da matéria]. Segundo o portal Alma Preta, Michelle teria enfrentado obstáculos desde o primeiro semestre de 2019, quando propôs para o seu trabalho o tema “A psicologia reconhece os impactos do racismo?”. Ela afirma: "A [orientadora] Mariana Aron não gostou do tema, disse que não conhecia a respeito e me indicou uma outra temática. Fiquei desapontada e meus 10 minutos de orientação se encerraram. Me senti pressionada a mudar a dissertação que seria meu último ato político dentro da universidade. Eu queria falar sobre os impactos do racismo que são ignorados pela ciência da psicologia". Michelle disse que tentou procurar outro orientador, mas a proposta não teria sido bem aceita pela universidade em geral, segundo contou ao site Alma Preta. Ela também disse que teve problemas com a orientadora no processo de elaboração do trabalho: "A professora sempre leu meu trabalho e nunca me alertou sobre os problemas com citações de autores. Somente nos últimos dias de orientação, ela me disse que a introdução precisava ser ampliada e sumiu. Um dia antes do prazo final, ela marcou um encontro comigo para o dia seguinte e indicou os erros nas citações, que nunca havia mencionado antes e ameaçou me reprovar". A orientadora Mariana Aron, no entanto, veio à público, através de uma postagem nas redes sociais, para rebater a versão da estudante. Ela informou ainda que o trabalho continha plágio. "Em Fevereiro de 2019, me foi designada a aluna para que eu orientasse seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Ela gostaria de abordar o racismo na clínica psicológica, relevante. Entretanto, pelo fato de eu não ter expertise em clínica tradicional, e sim nas áreas social, comunitária e política, sugeri que nessa disciplina, o projeto fosse modificado, o que é normal e habitual, em se tratando do recorte do TCC. Deste modo a aluna apresentou um trabalho cujo título foi 'O reconhecimento dos impactos do racismo pela Psicologia'. O tempo de orientação é de 30 minutos para cada projeto. Havendo atraso da aluna ou aluno, usualmente não posso compensar pois há outros alunos agendados em seguida, ou outras atividades como supervisão de estágio ou aula. A aluna compareceu a apenas 4 orientações num período de 3,5 meses. À metade delas chegou com mais de meia hora de atraso (o tempo que eu dispunha para atendê-la) e mesmo assim a atendi, com tempo abreviado para não prejudicar muito os outros compromissos", escreveu Aron. "Isto está documentado, bem como o trabalho que foi entregue, insuficiente e contendo plágio. O plágio só foi verificado ao término do trabalho, pois confio nas e nos estudantes que estão comigo e não teria porque checar a cada etapa", completou a professora. Após a reprovação do trabalho, Michelle procurou o coordenador do curso, Marcos Araújo, e reclamou de perseguição e racismo institucional. “O coordenador disse que conversaria com a professora embora ela tivesse autonomia para me reprovar. Depois, ele disse que a Mariana Aron me reprovou não apenas pelos erros nas citações do trabalho, como também pelas vezes que eu precisei faltar ou que me atrasei. As duas vezes que eu precisei faltar, eu a avisei com antecedência para que pudéssemos remarcar sem causar prejuízos. A própria professora precisou remarcar alguns encontros devido a contratempos da vida dela. Além disso, minha reclamação de perseguição e racismo institucional não foi acolhida pela instituição", disse. Em nota, o coordenador do curso também rebateu a versão da aluna. "Na conversa com a referida aluna no dia 03.06.2019, ela me relatou sua versão dos fatos. Disse a ela então que iria conversar com a professora e que voltaria a conversar com ela. Na conversa com a professora no dia 04.06.2019, a professora informou que sempre sinalizou para a aluna as imprecisões no trabalho. O processo de produção do TCC se mostrou deficitário, culminando com um TCC insuficiente e relata que foram muitas as ausências, atrasos e cancelamentos de orientação por parte da aluna. Por fim, a professora constatou situações de plágio no trabalho. Nesse item, considero extremamente grave essa atitude: no último ano de formação alegar desconhecimento sobre esse aspecto não parece adequado. Tanto o processo de orientação quanto o resultado final do trabalho estão devidamente registrados e comentados", escreveu [confira a íntegra ao final da matéria]. Outro lado  Após a publicação desta matéria, Fórum recebeu o posicionamento da professora citada pela estudante e também do coordenador do curso. Eles rebatem cada uma das acusações feitas pela aluna. Confira abaixo. Resposta da professora Mariana Aron  Minha trajetória sempre foi marcada pelo combate à opressão, ao preconceito e a todo tipo de discriminação; pela promoção de debates, pelas construções democráticas e abertura ao diálogo. Por isso, foi com consternação e surpresa que tomei conhecimento que tenho sofrido violentas acusações. Uma ex-aluna tem levianamente divulgado muitas informações inverídicas envolvendo meu nome, do coordenador do curso em que leciono e de outros colegas. Num processo democrático considero importante ouvir as partes envolvidas. Por essa razão, em caráter de exceção usarei este canal para esclarecimentos, já que não tenho por hábito discutir questões acadêmicas por esta via. Em Fevereiro de 2019, me foi designada a aluna para que eu orientasse seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Ela gostaria de abordar o racismo na clínica psicológica, relevante. Entretanto, pelo fato de eu não ter expertise em clínica tradicional, e sim nas áreas social, comunitária e política, sugeri que nessa disciplina, o projeto fosse modificado, o que é normal e habitual, em se tratando do recorte do TCC. Deste modo a aluna apresentou um trabalho cujo título foi “O reconhecimento dos impactos do racismo pela Psicologia”. O tempo de orientação é de 30 minutos para cada projeto. Havendo atraso da aluna ou aluno, usualmente não posso compensar pois há outros alunos agendados em seguida, ou outras atividades como supervisão de estágio ou aula. A aluna compareceu a apenas 4 orientações num período de 3,5 meses. À metade delas chegou com mais de meia hora de atraso (o tempo que eu dispunha para atendê-la) e mesmo assim a atendi, com tempo abreviado para não prejudicar muito os outros compromissos. Isto está documentado, bem como o trabalho que foi entregue, insuficiente e contendo plágio. O plágio só foi verificado ao término do trabalho, pois confio nas e nos estudantes que estão comigo e não teria porque checar a cada etapa. Tenho uma história de 19 anos como professora e psicóloga social, sempre contra as opressões e a favor de grupos historicamente oprimidos. Participei com seriedade e orgulho da formação de milhares de alunas e alunos negras e negros, além de outros grupos historicamente desvalorizados. Aprendo com minhas turmas mais a cada ano. O racismo existe e precisa ser combatido, mas não com outra injustiça, como a cometida por esta pessoa que tem empenhado seu tempo em publicar injúrias e calúnias a meu respeito, como a gravíssima acusação de crime de racismo. Isso tem se dado em Facebook, Whatsapp, Instagram, além de grupos profissionais de Psicologia. Em uma época, que tanto temos aprendido sobre usos perniciosos das redes sociais, sobre fakenews e condenações públicas por convicção, peço que exerçam sua criticidade, conheçam os dois lados e sejam responsáveis. Sigo empenhada por uma sociedade mais justa e ética. E sobretudo na Educação como forma de transformação social. Resposta do coordenador do curso, Marcos Araújo  Nesse período em que estou à frente da coordenação do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) tenho tratado de diversas situações trazidas pelos alunos, sempre me preocupando com os preceitos éticos do exercício da profissão do psicólogo, preservando o sigilo e a integridade das partes envolvidas e cuidado para ouvir todas as versões dos fatos. Desde junho de 2019 venho acompanhando o caso de uma aluna que foi reprovada no Trabalho de Conclusão de Curso I (TCC) no referido semestre. Em decorrência desse caso, professores do curso de psicologia têm sofrido várias exposições públicas por parte da aluna. Por conta disso, tenho sofrido desgastes pessoais e profissionais por divulgações levianas nas redes sociais. Diante disso, por questionamentos que tenho recebido de amigos, alunos, professores e familiares me sinto impulsionado a prestar alguns esclarecimentos a todos sobre essas falsas acusações e explicar o outro lado da questão. Vejamos fatos: 1. Como é de praxe, a aluna foi orientada no TCC I – Trabalho de Conclusão do Curso – por uma professora indicada pela responsável pelo TCC e Pesquisa do curso de Psicologia. 2. A aluna foi reprovada em TCC I por não ter atingido os requisitos mínimos solicitados para aprovação no componente curricular. 3. Em 31/05/2019 a aluna recorreu à Ouvidoria, que encaminhou a demanda à Coordenação de Curso, que conversou com a aluna em 03/06/2020, com a professora em 04.06.2019 e respondeu novamente à aluna em 06/06/2019, expondo os motivos pedagógicos da reprovação e a manutenção dessa condição, após avaliação da coordenação do curso, conjuntamente com a professora responsável pelo TCC e Pesquisa do curso. 4. Destaco que o prazo para a entrega do TCC I no primeiro semestre de 2019 foi 30.05.2019. Fui procurado pela aluna pela primeira vez após esse prazo, no dia 03.06.19, o que dificultou a tomada de qualquer providência na esfera pedagógica. 5. Na conversa com a referida aluna no dia 03.06.2019, ela me relatou sua versão dos fatos. Disse a ela então que iria conversar com a professora e que voltaria a conversar com ela. Na conversa com a professora no dia 04.06.2019, a professora informou que sempre sinalizou para a aluna as imprecisões no trabalho. O processo de produção do TCC se mostrou deficitário, culminando com um TCC I insuficiente e relata que foram muitas as ausências, atrasos e cancelamentos de orientação por parte da aluna. Por fim, a professora constatou situações de plágio no trabalho. Nesse item, considero extremamente grave essa atitude: no último ano de formação alegar desconhecimento sobre esse aspecto não parece adequado. Tanto o processo de orientação quanto o resultado final do trabalho estão devidamente registrados e comentados. Todos os aspectos considerados no processo de avaliação foram devidamente repassados à aluna, tendo havido apenas reprovação por insuficiência na produção processual do TCC, ocorrência absolutamente possível na formação acadêmica, o que fez com que consideradas as questões pedagógicas do caso encerradas, indicando a necessidade da aluna refazer o TCC I. Importante que a discente refaça o TCC I para suprir as lacunas em sua formação no tocante à pesquisa científica. Como sempre ocorre em casos de reprovação, novo orientador foi designado. 6. Voltei a conversar com a aluna no dia 05.06.2019, quando relatei a conversa que tive com a professora. Disse que a reprovação se justificava pedagogicamente. Causou-me estranheza a afirmação da aluna de que “Sinceramente, um projeto de TCC se dá em uma semana. Nem seria necessário um semestre”. Isso demonstra com clareza o quanto ela desconhece ou banaliza o processo de elaboração de um trabalho científico. 7. Em 18/06/2019 a discente solicitou à Unidade Acadêmica revisão de nota, que foi indeferida. Nesse processo, surpreendeu-me algumas imprecisões no relato da aluna. Explico: a. Não procede a alegação de que o curso não estimula a produção científica, pois são várias as disciplinas que estimulam a produção científica em nosso curso, das quais destaco Projeto de Pesquisa em Psicologia (já no 3º semestre”, Pesquisa em Psicologia I e Pesquisa em Psicologia II (5º e 6º semestres). Essas duas últimas disciplinas têm caráter prático, quando os alunos elaboram um projeto e desenvolvem uma pesquisa ao longo de dois semestres. Todo o processo de pesquisa, bem como seus aspectos éticos são trabalhados nesse processo; b. Além disso, TODAS as disciplinas desde o 1º semestre primam pelo cuidado com as normas técnicas, que é a base da produção científica. É notória a excelência na produção do curso de Psicologia da UPM no tocante à participação em Congressos e Iniciações científicas; c. A escolha para orientação considera a linha de pesquisa do orientador e o número de vagas disponíveis do professor. A partir daí indicamos um orientador para o TCC. É comum que o professor ajuste o interesse de pesquisa do aluno que, muitas vezes por sua pouca experiência, se mostra impraticável. 8. Em 06/08/2019 a aluna entrou com requerimento na Secretaria da Universidade solicitando cursar o TCC I e TCC II concomitantemente, indeferido em 13/08/2019, por não haver amparo no Projeto Pedagógico do Curso (PPC) para quebra de pré-requisito da obrigatoriedade de finalização do TCC I para cursar TCC II. 9. Em 06.08.2019 a aluna entra com recurso online junto à Secretaria da Universidade com os seguintes argumentos: “Gostaria de solicitar quebra de pré-requisito afim de cursar as disciplinas TCC I e II no mesmo semestre. Dessa forma peço que seja acrescentado em minha matrícula de TCC I. Já estando alinhada essa opção com o coordenador do meu curso de Psicologia. Desde já agradeço.”. Como de praxe, a Secretaria encaminha para o coordenador se posicionar. Emiti o seguinte parecer: “Em nenhum momento foi discutida essa possibilidade com qualquer aluno do curso, haja vista que TCC II apenas pode ser cursado após o TCC I ter sido concluído. Nesse sentido, indefiro a solicitação.”. A aluna não narrou corretamente os fatos na solicitação feita, pois essa conversa jamais existiu. Reforço que esta não é uma deliberação do coordenador do curso, trata-se de procedimento pedagógico, como parece claro de ser compreendido: primeiro o aluno passa pela etapa do TCC I e, após concluída esta etapa acadêmica, está apto ao TCC II. 10. Em agosto de 2019, a aluna entra com Mandado de Segurança solicitando cursar o TCC I e TCC II ao mesmo tempo, mas não obteve liminar. Ela recorreu à 2ª instância, a qual também não lhe concedeu a liminar. Portanto, não teve até o momento amparo judicial quanto ao pedido feito para realizar concomitantemente os TCC’s I e II. 11. A aluna cursou regularmente o TCC I, no 2º sem. em 2019 sob orientação de outro professor. 12. Em dezembro de 2019, a aluna acrescenta um documento ao Mandado de Segurança – alegando ser o TCC II – e pede que ele seja considerado como um trabalho concluído. 13. Em 3/12/2019, ela solicita a Inclusão extemporânea do TCC II na matrícula, indeferido em 8/01/2020. 14. A aluna termina o TCC I, é aprovada e o suposto TCC II apresentado não é aceito, pois não se encontra completo, pois ele não foi produzido sob supervisão específica de um TCC II, já que a aluna sequer estava matriculada nesse componente curricular. 15. Em 12/02/2020 a discente enviou manifestação à Ouvidoria às 20h de 12/02 solicitando investigação para sua denúncia de “racismo institucional”. Ela questiona a negativa da inclusão do TCC II no início do 2º semestre de 2019 concomitantemente ao TCC I e a reprovação no 1º semestre de 2019. 16. Em 12/02/2020 a aluna entra com requerimento na Secretaria da Universidade para participar da colação de grau em 20/02/2020. O pedido foi indeferido em 18/02, por falta de cumprimento de requisitos para colação. 17. Em 13/02/2020 a aluna começa postagens nas redes sociais expondo a sua versão do caso e fazendo acusações contra professores do curso de Psicologia,sobretudo à professora que a orientou e à Universidade. 18. Em 18/02/2020 houve reunião da Ouvidoria da UPM com a aluna para relatar seu caso e ela resolve entrar com um pedido de processo na Corregedoria para investigar o suposto caso de “racismo institucional”. A Ouvidoria envia o caso ao CCBS. 19. Em 19/02/2020 ocorre reunião do colegiado no CCBS para apreciação do caso e uma Portaria é emitida no dia 20/02/2020 encaminhando o caso à Corregedoria. O colegiado solicita que se apure a grave denúncia de racismo institucional, bem como possíveis excessos cometidos nas redes sociais. 20. O caso inicia trâmite na Corregedoria da UPM em 20/02/2020. Nesse momento eu entendo que como parte envolvida eu não deveria mais me pronunciar publicamente. A partir daí a aluna inicia um processo calunioso com denúncias e ameaças infundadas e exposição nas redes sociais, citando os nomes dos envolvidos no processo. É nesse momento e nesses canais que aparece a discussão de “racismo institucional”. Entendo ser gravíssima tal denúncia, mas como sou citado em alguns momentos enquanto coordenador, sendo parte envolvida no processo, o que me fez não entrar em embate público sobre a situação até então, bem como aguardar as apurações dos fatos por parte da Corregedoria da UPM. No dia 17.02.2020 em reunião previamente agendada com o Centro Acadêmico da Psicologia fui questionado sobre o ocorrido, o que me permitiu colocar a nossa perspectiva dos fatos. O mesmo ocorreu no dia 27.02.2020 com a representante do AFROMACK, coletivo do movimento negro da UPM. No dia de ontem, 04.03.2020, às 10h30min. recebi a seguinte mensagem no meu celular particular: [4/3 10:30] Jornalista: Marcos, bom dia. Tudo bem? Sou (seu nome), repórter do Alma Preta, um site de jornalismo focado na temática racial. Poderia conversar com a gente sobre o caso da aluna de psicologia do Mackenzie, (cita nome da aluna)? Ela nos relatou o caso dela em relação à aprovação do TCC. Segundo ela, não houve acolhimento por parte da coordenação do curso para a solução do problema que para ela se trata de racismo institucional. [4/3 10:30] Jornalista: Reprovação, aliás. [4/3 10:33] Jornalista: Já entramos em contato com a Universidade, mas gostaríamos de saber seu posicionamento já que ela a mencionou. [4/3 10:33] Jornalista: O mencionou, perdão. Nesse dia ministrei aula até às 11h50. Às 12h27min. enviei a seguinte mensagem para a jornalista: [4/3 12:27] Marcos Vinícius: Bom dia (nome da repórter). Será um prazer conversar com você. Todavia, como essa questão está sendo tratada institucionalmente, já que a séria denúncia se dá em nível institucional e, como você bem lembra, sou citado no processo, não considero adequado me posicionar publicamente neste momento sobre o assunto. Penso que ampliar publicamente sem as devidas apurações apenas iria expor ainda mais as partes envolvidas. Como coordenador, devo preservar ao máximo a integridade das partes envolvidas. Após a apuração interna dos fatos, terei o maior prazer em conceder entrevista, para falar do caso específico e de outras questões relacionadas aos negros, tema tão caro para a Psicologia na UPM e particularmente para mim. Abraços. Algumas horas depois recebi a seguinte resposta: [4/3 15:55] Jornalista: Ok. Muito obrigada. Na tarde desse mesmo dia, saiu uma matéria no referido site com a versão da aluna, também expondo o meu nome e da professora. Teria sido importante que a matéria divulgasse todos os meus argumentos contidos na mensagem, fato que não ocorreu, pois foi publicado apenas um recorte descontextualizado da mensagem. Reforço que todos os argumentos utilizados e outros fatos, que entendo não ser pertinentes expor ao público, estão devidamente documentados e serão encaminhados para os órgãos competentes. Sinto-me obrigado, após a descrição dos fatos acima a fazer algumas considerações. Nesse semestre, o nosso curso de Psicologia completa 30 anos. Estou há 27 anos nessa Instituição, somando-se o tempo em que fui aluno e professor. Falo com orgulho que desde 01.06.2019 me tornei o primeiro coordenador negro do curso. Acredito que, para além das minhas questões pessoais, este deveria ser um fato a ser comemorado e divulgado para toda a sociedade, em especial para a comunidade negra. Até hoje não tive a honra de receber algum convite para debater a questão ou fui procurado para dar entrevista sobre o tema. Reafirmo que tenho, juntamente com os demais professores, trabalhado para problematizar em nosso curso as grandes questões sociais que geram os mais diversos tipos de preconceito, estigmatização e desigualdade, incluindo nesse debate a questão do racismo estrutural. Paradoxalmente, nesses 30 anos de existência do curso, é a primeira vez que um coordenador sofre ataques tão violentos e descabidos. Como eu deveria compreender e chamar essas atitudes? Coincidência? Acredito que caiba profunda reflexão sobre a situação. Após essa minha primeira manifestação pública da minha versão dos fatos, que considerei inevitável devido ao grande número de ataques e ameaças que tanto eu quanto os professores do curso de Psicologia estamos sofrendo de forma absolutamente injusta e leviana nas redes sociais, reitero que tomarei em nível pessoal todas as medidas que eu considere pertinentes para que a verdade seja estabelecida e para que a história de vida e de luta dos profissionais envolvidos nesse processo não sejam maculadas por acusações inverídicas. Sempre estive, estou e estarei ao lado daqueles que lutam contra qualquer tipo de injustiça e por uma sociedade mais justa e mais fraterna, sempre pautado pelos princípios da ética e da dignidade humana. Marcos Vinícius de Araújo - Psicólogo *Matéria editada e atualizada às 21h15 em 12/03/2020 para acréscimo de informações