Por Antônio Lisboa*
A perda de João Felício é enorme para nós, para o Brasil, para a Central Única dos Trabalhadores, para o movimento sindical brasileiro e mundial. O professor, ex-presidente da CUT e primeiro latino-americano a presidir a Confederação Sindical Internacional (CSI) – que hoje congrega mais de 200 milhões de trabalhadores do mundo – era e continuará sendo o que definimos como líder.
Não tenho nenhuma dúvida de que João Felício foi o maior sindicalista que tivemos nas últimas décadas. Primeiro porque ele escolheu ser sindicalista. Em uma infinidade de outros espaços e tarefas, inclusive mais visadas, ele escolheu lutar lado a lado com trabalhadores e trabalhadores contra a exploração imposta pelo capitalismo.
Lembro que em novembro de 2018, quando João Felício encerrou seu mandato como presidente da CSI, ele disse durante congresso da Confederação, em Copenhagen: “Eu sempre quis ser sindicalista. Sou sindicalista e continuarei sendo, até o fim dos meus dias. Podem ter certeza de que eu continuarei no movimento sindical, pois é nele que eu me realizo”. E assim foi.
Aliás, João Felício também foi o maior sindicalista que tivemos devido sua coerência. Ele exigia de si mesmo essa qualidade, como nenhuma outra pessoa que eu já tenha conhecido no movimento da luta política. “Eu faço aquilo que eu acredito”, dizia sempre. E talvez por isso tenha sempre agido de forma lógica, racional, autêntica e, acima de tudo, humana.
O maior sindicalista das últimas décadas alcançou esse status também pela sua consistência ideológica. Em suas dezenas de textos e vídeos, João Felício reforça a importância da luta de classe, a necessidade da construção de um mundo mais justo e igualitário, da solidariedade internacional entre os povos. Materiais esses que inspiram e orientam todos nós que damos seguimento à luta sindical e que procuramos ter na nossa ação coerência política.
Busquemos em João Felício uma referência para nossa ação política! Sejamos grandes e consistentes como ele para que possamos dar continuidade à luta pela libertação da classe trabalhadora brasileira e mundial.
João Felício presente!
*Antônio Lisboa é professor e Secretário de Relações Internacionais da CUT