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O padre Julio Lancelotti, conhecido por seu trabalho com a população de rua, tem sido constantemente ameaçado. Dessa vez, jovens acolhidos por ele foram agredidos por policiais, que enviaram um "recado" em tom de ameaça.
"A Mooca é um dos lugares da cidade em que a população de rua aumentou muito. 20% de toda a população de rua de toda a cidade de São Paulo está lá. Isso incomoda muito porque temos todos os dias um momento de convivência e de acolhimento aos moradores de rua. Perto há um centro comunitário que vai fazer 25 anos e que surgiu da nossa ação junto à população de rua", contou o padre à Fórum. "Esses jovens foram agredidos à noite, como sempre acontece. Eles batem nas pessoas, fazem acusações, levaram para a delegacia. É uma verdadeira tortura contínua. Enquanto eles batiam, mandaram olhar para baixo e disseram: 'vocês são protegidos daquele padre que defende bandido. Avisem a ele que a hora dele vai chegar'."
Segundo Lancelotti, essas ameaças são recorrentes, tanto da GCM quanto da PM. O recado é sempre mandado pelos jovens.
Dessa vez, o padre foi à corregedoria da polícia acompanhado da advogada Juliana Hashimoto e dos jovens agredidos para fazer uma denúncia e reconhecimento fotográfico.
"Padre Julio recebe ameaças de todas as direções e é sempre muito difícil saber se alguma irá se concretizar. Mas vivemos num dos países mais perigosos para defensores de direitos humanos. As ameaças são recorrentes e ostensivas. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos mantém uma medida cautelar em favor do padre Julio e tentamos sempre comunicar os fatos novos", disse a advogada Juliana Hashimoto. "Essa medida consiste essencialmente em comunicar o Estado Brasileiro de que a comunidade internacional tem ciência das ameaças e de que possivelmente o Estado Brasileiro não esteja tomando as devidas precauções para assegurar a integridade dele", concluiu a advogada.
"Conversando com a Dra Juliana, concluímos que eles estão preparando alguma coisa. Não sabemos o que, mas estão", disse o Padre Julio.