Estreou no último domingo (10), no canal por assinatura History Channel, a série documental "Investigadores da História", que terá 12 episódios e tratará de crimes e assassinatos cometidos por militares durante um dos períodos mais sombrios da história brasileira: a ditadura militar.
A produção, que tem como uma de suas bases bibliográficas os relatórios da Comissão Nacional da Verdade, no entanto, não utiliza o termo "ditadura militar" mas, sim, "regime militar".
"A gente nem usa o termo ‘ditadura’, a gente usa ‘regime militar’. Se foi ditadura ou não, isso é polêmica hoje. A gente quis tomar bastante cuidado com isso", disse à Folha de S. Paulo o produtor Tony Rangel, da Bioma Filmes, criadora da produção.
A escolha do termo a ser utilizado, evitando a palavra "ditadura", vem em meio a uma tentativa de revisionismo histórico por parte do governo de Jair Bolsonaro. O próprio presidente elogia torturadores e se nega a aceitar que o que houve no período tenha sido uma ditadura militar.
A série do History Channel tem recursos da Ancine através de um edital vencido em 2015, mas que só foi finalizado no primeiro ano do governo Bolsonaro.
Apesar do produtor querer evitar "polêmicas" ao vetar o termo "ditadura", a escolha acabou criando o efeito contrário. O escritor Marcelo Rubens Paiva, por exemplo, cujo pai foi assassinado por militares na ditadura, foi às redes para questionar a produção.
"Sério, History? Bateu a auto-censura? Vcs leram o AI-5? Preferia, então, que não falassem da minha família. Ela foi vítima da di-ta-du-ra", escreveu.
Sério, History? Bateu a auto-censura? Vcs leram o AI-5? Preferia, então, que não falassem da minha família. Ela foi vítima da di-ta-du-ra. https://t.co/PMAfvxZGHk
— Marcelo Rubens Paiva (@marcelorubens) February 11, 2020