Por Alceu Castilho e Leonardo Fuhrmann, no De Olho Nos Ruralistas
O recorde de multas por desmatamento ocorreu em 2008, durante o segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele ano, em que Marina Silva passava o comando do Ministério do Meio Ambiente para Carlos Minc, o total de autuações por flora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) somou R$ 3,03 bilhões, conforme pesquisa do De Olho nos Ruralistas em uma base de mais de 280 mil multas aplicadas pela autarquia, entre 1995 e 2000.
O total de multas por desmatamento nesse período foi de R$ 34,8 bilhões. As multas na categoria flora compõem 78% das punições impostas pelo Ibama, bem acima das demais, como fauna, poluição ambiental e biopirataria. Esse valor, com as devidas correções anuais pelo IGP-M, equivale nos dias de hoje a R$ 61,5 bilhões. As autuações de 2008, corrigidas, somam R$ 6,1 bilhões, ou 10% do total em 25 anos.
Quantas dessas multas foram pagas? Apenas 1,42%. Detalhamos o tema das quitações em texto específico: “Apenas 1% das multas por desmatamento nos últimos 25 anos foram pagas“.
Confira também o Mapa das Multas por Desmatamento, que marca o início da série De Olho nos Desmatadores, com as multas por ano e por município. E a lista dos 25 recordistas desde 1995, publicada no Intercept Brasil.
O gráfico acima traz os valores que constam da base de dados do Ibama, sem correção monetária. Embora as cifras fossem baixas durante o governo FHC, foi durante as duas gestões do tucano que mais foram aplicadas multas por flora, como contamos em reportagem de capa para a CartaCapital. Durante os dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva, o número de multas oscila para baixo, em média, mas os valores disparam, seguindo tendência iniciada na era FHC, como efeito da Lei de Crimes Ambientais, de 1998. As multas se tornaram mais gordas.