A cesta básica de alimentos pesquisada em 17 capitais pelo Dieese custou, em média, 56,33% do salário mínimo líquido em novembro. Em outubro, essa porcentagem tinha ficado em 53,09%, mostrando que os preços de itens básicos não pararam de subir.
O levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos apontou aumento nos preços do conjunto de alimentos básicos que um adulto precisa para se manter por um mês em 16 das 17 cidades pesquisadas. As maiores altas foram constatadas em Brasília, com 17,05%, Campo Grande (13,26%) e Vitória (9,72%).
Em São Paulo, a cesta custou em média R$ 629,18 em novembro, com alta de 5,59% na comparação com outubro. No ano, o preço do conjunto de alimentos subiu 24,22% e, em 12 meses, 35,07%.
Esse valor é superior ao auxílio emergencial integral pago a quem perdeu renda com a pandemia do novo coronavírus, que era de R$ 600. O governo Bolsonaro queria pagar inicialmente pagar R$ 200. Depois, em setembro, estendeu o benefício até o final do ano, mas reduziu o valor pela metade, para R$ 300. E quer extingui-lo no final deste ano, em meio a uma nova onda de infecções pelo Sars-Cov-2 no país.
A cesta mais cara foi constatada no Rio de Janeiro: R$ 629,63. Já a mais barata foi a pesquisada em Aracaju, que custava R$ 451,32. Nos dois municípios, a coleta de preços presencial está suspensa desde março.
Com a pandemia, a única cidade onde o Dieese manteve pesquisa presencial foi São Paulo. Em julho, a coleta in loco foi retomada em Belém e, desde novembro, os pesquisadores do Distrito Federal, de Campo Grande, Goiânia, Fortaleza e Recife também voltaram aos estabelecimentos comerciais – incluindo feiras livres - para levantar os preços dos produtos alimentícios básicos.
O que mais subiu
Na média, os produtos que tiveram maior alta de preço médio em relação a outubro na pesquisa do Dieese são: batata (51,17%), óleo de soja (9,08%), carne bovina de primeira (5,75%), arroz agulhinha (5,02%), banana (4,22%), tomate (4,04%), feijão carioquinha (3,10%), açúcar refinado (2,50%), pão francês (1,64%), café em pó (1,46%) e farinha de trigo (0,15%).
A carne bovina de primeira subiu em todas as capitais: variou de 1,64%, em João Pessoa, a 18,41%, em Brasília. A baixa disponibilidade de animais para abate no campo, devido ao período de entressafra, e as exportações aquecidas ocasionaram redução da oferta e elevaram os preços do produto.
O Dieese, assim com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constatou aumento expressivo na batata. O departamento pesquisa o preço desse tubérculo apenas nas cidades do centro-sul do país, e constatou alta em todos os locais consultados. Ela oscilou de 13,99%, em Curitiba, a 68,32%, em Vitória.
O valor do óleo de soja, que já vinha subindo, voltou a aumentar, desta vez em 16 das 17 capitais, com destaque para Brasília (22,66%), Belém (16,64%), Aracaju (12,93%) e Florianópolis (11,87%).
Outro produto que não parou de sofrer reajuste foi o arroz. Mesmo com uma cota de importação liberada sem impostos, o preço médio do arroz agulhinha registrou alta em 16 capitais, com variações entre 2,12%, em Porto Alegre, e 15,24%, em Brasília. Só em Curitiba o valor ficou estável no mês passado.
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