O procurador do Ministério Púbico de Goiás (MP-GO), Ailton Benedito, resolveu seguir a linha de pensamento de Jair Bolsonaro e requisitou à Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) informações sobre uma publicação da entidade.
A alegação do MP-GO é que precisa conhecer os estudos clínicos que embasaram as “recomendações” divulgadas no texto “Atualizações e Recomendações sobre a Covid-19 – elaborada em 9/12/2020”.
O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, foi às redes sociais para defender a posição do procurador.
“Parabéns pela proatividade, Procurador Ailton Benedito. Quando se fala em saúde é necessário ter certeza que não há espaços para politicagem e achismos”, tuitou.
No documento, a SBI faz considerações a respeito de diagnóstico e evolução dos pacientes, tratamento precoce de sintomas, isolamento respiratório, reinfecção pela Covid-19, medidas de prevenção, vacinas, entre outros aspectos referentes à pandemia.
Em um dos tópicos, o texto faz referências ao não uso de alguns medicamentos.
“A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento farmacológico precoce para Covid-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a Covid-19”, diz trecho do documento.
A utilização da maioria desses medicamentos é defendida por Jair Bolsonaro, que sempre contrariou as orientações de especialistas, como neste caso. O presidente insiste em querer saber mais do que a comunidade científica.
Solicitações
No ofício encaminhado ao presidente da SBI, Benedito pede cópias dos documentos oficiais que sustentam a atribuição de posicionamento da SBI a diversos órgãos e entidades; dos estudos clínicos randomizados que amparam o uso de analgésicos e antitérmicos em pacientes infectados pela Covid-19; e dos estudos clínicos randomizados que “recomendam” nenhum tratamento farmacológico para Covid-19, especialmente com os medicamentos indicados na publicação.
Além disso, solicita declaração de ausência de conflito de interesse do presidente e diretores da SBI, em consequência de supostos relacionamentos com empresas que estão desenvolvendo, produzindo ou comercializando medicamentos, vacinas, insumos, equipamentos etc.
A entidade tem prazo de cinco dias para encaminhar as informações ao MP-GO.
Veja abaixo o documento da SBI:
Com informações do Conexões Políticas