Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a extrema pobreza cresceu no Brasil nos últimos anos, mantendo-se estável entre 2018 e 2019.
A pesquisa mostra que a extrema pobreza cresceu 13,5%, passando de 5,8% em 2012 para 6,5% em 2019. Com isso, em números absolutos, 13,6 milhões no Brasil viviam nessa condição em 2019, cerca de 100 mil a mais que no ano anterior, o que é considerado estatisticamente como uma estabilidade.
Em 2014, o índice de extrema pobreza chegou a seu menor patamar, em 4,5%. A partir do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, no entanto, a taxa disparou.
Em relação à pobreza, houve redução de 6,6%. Com isso, o número de pobres caiu de 26,5% para 24,7% da população. O aumento do trabalho informal pode ter contribuído para reduzir o contingente de pessoas vivendo nessa condição.
A pesquisa também destaca o recorte de raça nos índices, evidenciando o racismo estrutural do país. Entre as pessoas abaixo das linhas de pobreza, 70% se declaram de cor preta ou parda. A pobreza afetou ainda mais as mulheres pretas ou pardas, grupo que compõe 39,8% dos extremamente pobres e 38,1% dos pobres.
“A população de cor ou raça preta ou parda está mais presente na informalidade, possui menos anos de estudo, está em atividades que remuneram menos, então tudo isso contribui para que a renda do trabalho seja menor”, analisa João Hallak, coordenador da pesquisa.
A diferença de salários também cresceu em 2019. Na capital onde essa desigualdade é a maior, Recife, os mais ricos recebem 30 vezes mais do que os mais pobres.