"Lawfare contra negros e antirracistas", diz Silvio Almeida sobre ação da DPU contra Magazine Luiza

Para o advogado, o principal propósito da ação é "constranger" empresas que decidiram adotar programas de ação afirmativa

Silvio Almeida - Foto: Reprodução/TV Cultura
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O advogado e filósofo Silvio Almeida, autor do livro "Racismo Estrutural", foi às redes sociais nesta terça-feira (6) para repudiar a ação da Defensoria Pública da União (DPU) contra o programa de contratação de trainees negros da Magazine Luiza. Para ele, trata-se de um "lawfare" contra a população negra.

"É uma reconfiguração do lawfare contra a população negra e aqueles que se colocam em posição antirracista. É uma tentativa de tomar o poder subvertendo a finalidade das instituições. Vemos o mesmo no MP, na Magistratura e nas Polícias. É o direito contra a democracia", escreveu no Twitter.

Para ele, a peça está desconectada dos "debates jurídicos", mas nem por isso deixa de ser perigosa. "A indigência técnica da peça não significa que ela seja inofensiva. Uma ação judicial movida por um órgão de Estado tem um efeito político devastador. É intimidatório. O seu propósito maior é constranger as empresas que resolverem estabelecer programas de ação afirmativa", disse em outro trecho.

A Defensoria está pedind R$ 10 milhões da rede de varejo por supostos danos morais coletivos. Na ação, o defensor Jovino Bento Júnior, autor da petição, diz que o processo seletivo exclusivo para negros é racista e o classificou como “marketing de lacração” para “ganho político”.

O defensor chega a citar o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, como argumento contra o processo seletivo da Magazine Luiza. Camargo, no entanto, já atacou o movimento negro diversas vezes e negou a existência de racismo no Brasil.

https://twitter.com/silviolual/status/1313494115049525249