Oxum está entre os assuntos mais comentados do Twitter neste dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, dia de Oxum. Oxum é um orixá do Candomblé e da Umbanda. O Orixá que foi sincretizado com Nossa Senhora na maioria dos estados brasileiros, por conta de os afro-americanos escravizados não poderem, na época, cultuar seus próprios santos.
Oxum é filha de Iemanjá e Oxalá. Oxum é a rainha das águas doces dos rios e das cachoeiras, considerada a senhora da beleza, da fertilidade, do dinheiro, da sensibilidade. Está muito ligada às riquezas espirituais e materiais da vida, à vaidade e ao empoderamento feminino.
De acordo com o etnólogo franco-brasileiro Pierre Fatumbi Verger, Oxum é a divindade do rio de mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Era, segundo dizem, a segunda mulher de Xangô, tendo vivido antes com Ogum, Orunmilá e Oxossi. As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços mantidos com Ìyámi-Àjé ("Minha Mãe Feiticeira").
Sobre Oxum, Verger descreve a seguinte lenda:
"Quando todos os orixás chegaram à terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembleias. Olodumaré perguntou se Oxum participava das reuniões e os orixás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta à terra, os orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados".
A escritora Mônica Raouf El Bayeh, que morreu em março deste ano, escreveu este lindo texto sobre Oxum:
“Hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Ou seja, ela é quem dá uma força por aqui. Hoje também é o dia de Oxum. O que elas têm em comum? Tudo!
São mulheres. São negras como a maioria do nosso povo. São mães. Sensíveis se comovem com nosso sofrimento. Se compadecem de nossas dores. São generosas como os rios e as cachoeiras. Nos guiam para a fartura, a vida e a fartura da vida.
A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi achada num rio. Primeiro o corpo, depois a cabeça. Depois vieram os peixes que os pescadores precisavam. Tantos que o barco quase afundou.
Oxum é a rainha das águas doces dos rios e das cachoeiras. Oxum é a mãe que chora junto. É orixá dos sentimentos. Coincidentemente, também da generosidade, da capacidade de gerar frutos de várias formas.”
O cantor e compositor baiano Gerônimo fez uma linda canção para Oxum. Ouça abaixo com ele e Luiz Caldas: