Em discurso na ONU, Bolsonaro volta a culpar ONGs por explorar indígenas como "peça de manobra"

Bolsonaro ainda disse que as ONGs tratam índios como "homens das cavernas" e que "índio não quer ser pobre em cima de terra rica", defendendo a exploração econômica das reservas

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Com diversos erros de português e aparentando nervosismo, Jair Bolsonaro discursou na abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York nesta terça-feira (24) e voltou a repetir que que indígenas no Brasil são usados como peça de manobra por ONGs de Direitos Humanos para avançar seus interesses na Amazônia. "A visão de um líder indígena não representa a visão de todos", disse o presidente, mencionando a presença de Ysani Kalapalo em sua comitiva, indígena da aldeia Tehuhungu, do Mato Grosso. Bolsonaro ainda disse que as ONGs tratam índios como "homens das cavernas" e que "índio não quer ser pobre em cima de terra rica". Em seguida, o presidente defendeu a exploração das reservas indígenas, citando como exemplo as terras Yanomami e Raposa Serra do Sol. "Grande parte das comunidades indígenas têm ouro, diamante, nióbio, entre outros. Esses territórios são enormes (...) Não estão preocupados com o ser humano índio", disse.  O presidente então leu uma carta do "Grupo de Agricultores Indígenas do Brasil" em apoio a Ysani Kalapalo, dizendo que a imprensa brasileira mente sobre o desmatamento e incêndio na Amazônia - discurso já proferido por Ysani em vídeo compartilhado pelo clã Bolsonaro. "Acabou o monopólio do senhor Raoni", finalizou Bolsonaro depois de ler a carta, referindo-se ao líder indígena brasileiro da etnia Caiapó. A participação de Ysani na viagem aos EUA foi alvo de contestação de um grupo de defesa de direitos indígenas. A Atix (Associação Terra Indígena Xingu) afirma em nota divulgada no sábado (21) que ela não foi indicada por nenhuma entidade representativa para compor a comitiva do governo e acusa o Planalto de desrespeitar "povos e lideranças indígenas renomados do Xingu".