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O procurador Leonardo Azeredo dos Santos, que considerou “virar pedinte” por receber um salário de R$ 24 mil, embolsou cerca de R$ 4 milhões em cinco anos, sem contar os benefícios mensais que recebia no cargo, como auxílio-alimentação de R$ 1.100 por mês e o de saúde, de cerca de R$ 1.990.
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O valor de R$ 4.173.614,58 gasto pelo Ministério Público com o procurador se refere exclusivamente ao pagamento de salários, os mesmos que ele se referiu como "miserê", além de indenizações e “remunerações retroativas ou temporárias”, que incluem valores garantidos por conquistas na carreira ou decisões judiciais. A soma considera o período entre agosto de 2014 e julho de 2019 e dados são do Portal da Transparência do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). As informações são de Flávia Ayer, no jornal O Estado de Minas.
Dos Santos é membro da Câmara de Procuradores de Justiça desde fevereiro desse ano e ocupa o posto até o fim de 2020. Ele havia reclamado do valor de seu salário ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet, e a gravação foi divulgada no site do próprio Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG).
“Quero saber se nós, no ano que vem, vamos continuar nessa situação ou se Vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade, para melhorar nossa situação? Ou se vamos ficar nesse miserê?”, cobrou. Ele disse ainda que precisou diminuir de R$ 20 mil para R$ 8 mil os gastos com o cartão de crédito e que está vivendo à base de antidepressivos.
Salário "miserê"
Apesar do salário oficial do procurador ser de R$ 24 mil, reportagem da Fórum mostrou que o procurador embolsou cerca de R$ 64 mil apenas no mês julho, contando seu salário líquido e penduricalhos. Em maio, o valor também foi de R$64 mil, apesar de constar uma variação nos valores de indenizações e “outros”. Já em junho, o procurador recebeu R$ 78 mil, devido ao débito de metade do 13º. Sem ele, o valor cairia para aproximadamente R$ 63 mil, demonstrando uma constância nos “extras”.
Procurado pela reportagem, o Ministério Público enviou uma nota dizendo que “vem tomando medidas de austeridade para aumentar a eficiência administrativa e reduzir os gastos, principalmente com pessoal”.