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O Censo de 2012 aponta que as mulheres são maioria na população brasileira, constituindo 51,5% ou 100,5 milhões de habitantes para ser mais preciso, mas carece de representatividade na sociedade em todos os aspectos, até mesmo nos nomes de rua. Um levantamento do jornal Folha de São Paulo, publicado na edição deste domingo (4) mostra que dos logradouros da cidade de São Paulo com nomes de pessoas, apenas 16% têm nomes femininos.
A pesquisa foi feita junto ao Dicionário de Ruas de São Paulo, uma publicação criada pelo escritor Mário de Andrade (1893 - 1945) e hoje atualizada pela internet. De acordo com o site, a maior cidade brasileira possui 45.717 vias. Dois terços desse total homenageiam pessoas, mas a proporção entre homens e mulheres é muito desigual: 26.456 (83,75%) contra 5.132 (16,25%), respectivamente.
Curiosamente, entre as mulheres homenageadas com títulos, a maioria é relacionada à igreja católica como santas ou integrantes de ordens religiosas (61,5%). Em seguida aparecem mulheres denominadas como "dona" (20,7%). Professoras, doutoras ou mesmo detentoras de títulos de nobreza como baronesa ou marquesa aparecem em 17,7% das placas azuis paulistanas.
Ouvida pelo jornal, a antropóloga Heloisa Buarque de Almeida, professora da Universidade de São Paulo (USP), destaca que esta diferença nada mais é do que um reflexo das desigualdades no Brasil. “Se você cruzar também com classe social e cor da pele, vai ver também que há poucos pobres e poucos negros”, sugere. “No Brasil há pouquíssima participação feminina no Legislativo ou no Executivo. Os homens, durante muito tempo, eram vistos como as pessoas que faziam a história. A historiografia estudava personagens masculinos, que estavam em cargos de poder. E essas pessoas viraram nomes das rua”, conclui.