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Apoiador do cultivo da maconha medicinal, o padre Ticão, conhecido líder comunitário da zona leste de São Paulo, está sendo ameaçado de morte por grupos conservadores católicos após promover uma palestra sobre gênero, direitos sexuais, direitos reprodutivos e religião, com a participação da organização Católicas pelo Direito de Decidir, durante a 36ª Semana da Juventude, organizada pelo grupo da comunidade Renovação Jovem da Paróquia São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo.
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Pelo Facebook, a organização Católicas pelo Direito de Decidir, formada por feministas e que defende a discussão de temas como o aborto, diz que o "padre Ticão, integrantes da Paróquia São Francisco de Assis e jovens do grupo Renovação Jovem estão sendo atacados com mensagens de ódio, calúnias e ameaças de morte. Provocada por quem não se propõe a exercitar o diálogo, a avalanche de violência tenta sufocar as vozes de uma comunidade de fé conhecida pela luta nas questões sociais".
Ao menos um dos grupos de onde partem os ataques, o Templário de Maria, é simpatizante de Jair Bolsonaro, compartilhando publicações sobre a "religiosidade" do presidente, como a declaração em que diz que "o Estado é laico, mas eu sou cristão".
Mais radical, o grupo extremista católico Salve Roma emitiu nota dizendo que Padre Ticão autorizou e ajudou a promover o "pecaminoso evento", um "herético ato pró-aborto foi realizado na Paróquia de São Francisco de Assis".
"Esta paróquia está contra a hierarquia e contra a Autoridade Suprema: o Papa Francisco. O Papa já deixou claro que TODOS OS CATÓLICOS devem se opor ao lobby gay, à ideologia de gênero, ao aborto em todos os casos e aos contraceptivos", diz a nota.
Para as Católicas pelo Direito de Decidir, o país atravessa um período assombroso. "Se tornaram cotidianos os retrocessos nos direitos e nas políticas públicas, o aumento das desigualdades sociais e da violência contra grupos marginalizados. Os ataques não devem intimidar quem se propõe a fortalecer uma sociedade mais justa e uma fé mais solidária".
Deus é cannabista
Apoiador do cultivo da maconha medicinal, padre Ticão é alvo constante de movimentos extremistas conservadores da igreja católica. No salão da paróquia São Francisco de Assis, ele já chegou a montar um curso para discutir e aprender mais sobre o uso medicinal da cannabis, substância derivada da maconha e fonte de variadas propriedades terapêuticas.
“Não vou dizer que Deus é maconheiro, eu realmente não sei. Mas com certeza ele é cannabista”, fala o padre, segundo reportagem da revista Carta Capital.
O padre tem em seu altar no salão paroquial uma foto do Papa Francisco, de Paulo Freire, com quem trabalhou diretamente, e um grande pôster de Dom Evaristo Arns, sua principal referência. “Sigo seu legado, que é o do bem comum, público. Em toda minha vida, uma única pessoa me criticou por falar da cannabis, mas eu disse a ela que caso precise para tratar alguma doença, que nos procure. O povo da periferia é fantástico.”