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A União de Núcleos de Educação Popular para Negras e Negros (Uneafro) apresentou denúncia contra o deputado estadual Sargento Neri (Avante). Segundo a entidade, o policial da reserva feriu o decoro parlamentar ao incitar, publicamente, a prática de crime.
Durante reunião da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários, no dia 25 de junho, Neri pediu para que a Polícia Militar organizasse operações para executar dez pessoas, depois do assassinato de algum agente da corporação, de acordo com informações do Brasil de Fato.
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“É uma vergonha nós perdermos três policiais, um garoto alvejado na cabeça, e não fazermos uma operação para matar dez. A resposta por um policial morto são dez ladrões mortos. É o mínimo. Da Polícia Militar que eu venho, nós não entregávamos uma viatura para a outra equipe enquanto não se pegasse o ladrão. Nós não faríamos o velório do policial enquanto não estivesse no necrotério o corpo do ladrão. Isso é fato, isso é guerra”, afirmou na Alesp.
Neri também criticou o comando das polícias em São Paulo. “Eu dei aula para formação de soldados por quase 12 anos. Quando eu comecei a perder meus alunos, eu parei de dar aulas. Eu não formei aluno para morrer, eu formei aluno para matar e sobreviver. Hoje, o que nós temos é um comandamento (sic) fraco e um secretário de segurança fraco, nós precisamos de homens na Polícia Militar, Polícia Civil e secretaria que entendam de segurança pública”, acrescentou.
Para a Uneafro, “o deputado Sargento Neri confessa crimes que ele próprio e sua corporação cometeram no momento da atribuição de suas funções policiais. Confessa, com suas declarações, que orientou seus formandos à prática sistemática da vingança e de execuções sumárias extrajudiciais e mais que isso, deixa a entender que ele próprio, em suas mais de duas décadas de trabalho como agente do estado, também promoveu execuções sumárias extrajudiciais”.
Posicionamento
A entidade pede “o imediato posicionamento por parte da Secretaria de Segurança Pública; abertura imediata de investigação acerca dos trabalhos realizados pelo ex-sargento, em seu período de trabalho junto à Polícia Militar do estado de São Paulo; bem como um levantamento de sua ficha de ocorrências; levantamento de sua possível participação em homicídios; bem como levantamento da possível participação de seus alunos em homicídios; e o levantamento do status de investigação de cada um destes possíveis homicídios”.
Além disso, a Uneafro solicita, ainda, “o posicionamento da SSP e do gabinete do governador em relação à política de formação dos agentes policiais e o quanto há de verdade na afirmação proferida pelo ex-sargento de que há uma formação dirigida e orientada para a prática da vingança e de execuções sumárias extrajudiciais; orientações e procedimentos adotados pela PM paulista e seu comando, em sua atribuição ordinária e cotidiana”.
Processo disciplinar
Pede, ainda, a “instalação imediata, por arte da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, de processo disciplinar em sua Comissão de Ética para avaliar possível quebra de decoro parlamentar e crime de incitação à violência, com possível e consequente cassação de mandato do referido parlamentar.
E, finalmente, exige “retratação publica imediata, por parte do referido parlamentar, se é que não foi sua intenção orientar deliberadamente as forças policiais a agirem fora da lei, transcendendo as funções constitucionais da Polícia Militar, provocada que foi a julgar, condenar e executar a pena capital, proibida em nosso país”.
A denúncia foi encaminhada ao governador do Estado de São Paulo, João Doria, e ao Secretário de Estado da Segurança Pública; Secretário Chefe da Casa Militar e Coordenador da Defesa Civil do Estado; ao Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo; Ouvidoria das Polícias do Estado de SP; à Presidência da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e à Presidência da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Alesp.
Veja aqui a denúncia da Uneafro