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Os dez estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) que haviam sido detidos na sexta-feira (14), durante manifestação vinculada à greve geral contra a reforma da previdência e os cortes na educação foram liberados neste final de semana após a audiência de custódia. Eles passaram a noite de sexta para sábado na carceragem do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
Os nove homens e uma mulher que foram detidos por suposto envolvimento no incêndio de um carro no protesto realizado na zona oeste de São Paulo receberam liberdade provisória após se apresentarem à juíza Bruna Acosta Alvarez. Eles terão, no entanto, que comparecer trimestralmente ao fórum.
Segundo o advogado Pedro Paulo Sodré, responsável pela defesa de um dos detidos, o MP (Ministério Público) pediu a manutenção da prisão para três dos averiguados, “porém a juíza relaxou o flagrante em relação a algumas das imputações, e determinou liberdade provisória a todos”.
Na sexta-feira o delegado Fabiano Fonseca Barbeiro, da 2ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Crimes Patrimoniais de Intervenção Estratégica do Deic, acusou os dez por incêndio, dano qualificado, desacato e resistência à prisão, em associação criminosa.
“É um absurdo. Todos são acusados dos mesmos crimes, mas existe uma descrição mínima - e arbitrária - de quem teria feito o quê”, afirma Sodré, apontando que as únicas testemunhas são os policiais militares responsáveis pelas detenções, com exceção de um ambulante “levado como mera formalidade”.
Um carro foi queimado durante o protesto no entroncamento das avenidas Vital Brasil e Francisco Morato, o que teria motivado os policiais a perseguir manifestantes até mesmo dentro da USP. Uma das ativistas, aluna de Letras que preferiu não se identificar, chamou a atenção para detalhes, segundo ela, estranhos em relação ao incêndio.
“O carro não estava tentando furar o bloqueio e foi abandonado em uma ‘ilha’ no meio da avenida; depois de queimado, o condutor nem mesmo prestou queixa”, afirma. Os estudantes e funcionários negam participação no caso. Segundo a defesa, os envolvidos estavam encapuzados, o que não permitiria aos policiais a identificação, e as roupas não batem com imagens feitas do ocorrido.
Outros manifestantes denunciaram abuso de autoridade por parte dos PMs e que os detidos permaneceram horas sem comida ou acesso a banheiro no Deic.