"Ele era uma pessoa guerreira mesmo, mas vinha sendo ameaçado há muito tempo, já. Ele andava de colete, não andava desprotegido", declarou o cacique Antônio Wilson Guajajara ao jornalista Matheus Leitão, do G1.
O cacique conta que conheceu Paulino através do grupo Guardiões da Floresta, responsável por denunciar o desmatamento ilegal na Amazônia. "Nossa amizade era muito grande. Conheci muito ele e sua luta, em prol de todo mundo. Uma boa pessoa. Não media esforços para fazer a sua atividade. Fazia o trabalho de vigilância dentro de sua terra de coração, defendia o seu povo mesmo, com gosto”, lamenta.
Paulo Paulino foi vítima de uma emboscada realizada por um grupo de cinco madeireiros, que também deixou ferido o líder guardião da tribo, Laércio Guajajara. "Começaram a atirar, numa distância não muito longe, e aí ele [Laércio] foi tentando se esconder, mas foi atingido no braço e, quando se deu conta, que olhou pro lado, o Paulino já tinha sido alvejado no rosto e já estava no chão", contou à Agência Pública o cineasta Taciano Brito, que conversou com Laércio após o caso.
"Ele ainda tentou puxar o Paulino pra perto dele mas viu que ele já estava morto. Ele ainda ficou mais um tempo ali tentando se esconder, e o pessoal atirando até que ele correu para tentar fugir e foi atingido nas costas", disse ainda.
Sem intimidação
O cacique, que também integra o grupo de Guardiões, disse que eles não vão se intimidar. "A luta continua, não vamos parar. Mesmo que ele [Paulo Paulino] tenha morrido, mesmo que outros morram, enquanto tiver indígenas, enquanto tiver guerreiros, a luta vai continuar", declarou Laércio a Brito e à liderança indígena, Fabiana Guajajara, segundo reportagem de Thiago Domenici e Vasconcelo Quadros, da Agência Pública.