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Enquanto a Polícia Federal investiga a origem e a autoria do derramamento de óleo no litoral nordestino, especialistas acreditam que pode ser equivocada a teoria da Marinha do Brasil sobre o navio petroleiro grego Bouboulina ser o principal suspeito.
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) desenvolveu metodologias e técnicas para analisar imagens de satélites que ajudem a esclarecer o vazamento de óleo. A Polícia Federal disse ter identificado, em uma imagem de satélite do dia 29 de julho, relacionada a uma mancha de óleo a 733,2 km da Costa brasileira, a leste da Paraíba.
Contudo, na região, os dados de satélites costumam apresentar ruídos e interferências que podem prejudicar a interpretação. Então, os pesquisadores também têm optado por dados auxiliares.
O pesquisador do Lapis, Humberto Barbosa disse que os dados informados pela PF podem ainda não ser suficientes para explicar a origem do óleo. De acordo com o Letras Ambientais, o Laboratório localizou uma imagem do satélite Sentinel-1A, capturada no dia 24 de julho, em que aparece uma provável mancha de óleo no Litoral Norte do Nordeste brasileiro, nas proximidades do Rio Grande do Norte, que não teria sido causada pelo navio Bouboulina, pois ele só passou pelo local dois dias depois.
O Lapis também encontrou imagens de satélites onde aparecem slicks ou películas sobre a superfície do mar, a 210 km de Porto Seguro (BA). O material, que pode ser de origem orgânica ou inorgânica, precisa de uma análise bastante complexa para distinguir a sua origem.
Os slicks inorgânicos são compostos de petróleo, resultantes de descargas naturais do fundo do mar ou do derrame de petróleo de navios ou plataformas petrolíferas. Esse material é mais espesso que o orgânico.
A imensa quantidade de resíduos coletados nas praias do Nordeste, até o momento, pode não ser explicada apenas por um vazamento de um navio na superfície, alerta o pesquisador. "Possivelmente, está ocorrendo um vazamento maior abaixo da superfície do mar. Localizamos várias manchas de óleo no Oceano e o desastre ambiental talvez não seja explicado apenas por uma origem de vazamento”, acrescentou.
O Lapis está enviando todos os resultados das investigações para a Comissão Externa do Senado Federal, que investiga vazamento de óleo no mar do Nordeste.