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Por Brasil de Fato
Chiquinho Brazão, que é sócio do irmão Domingos Brazão em uma rede de postos de gasolina, fez toda sua trajetória política em Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro. A região é controlada por milícias e foi o lugar que abrigou Fabrício Queiroz, o ex-assessor e motorista de Flávio Bolsonaro, após o escândalo das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
São diversas as vantagens do passaporte diplomático, a começar pela gratuidade da emissão do documento, que custa R$ 257,25 para os demais viajantes. Além disso, os portadores não pegam filas nos aeroportos internacionais e conseguem o visto mais facilmente. Em alguns países, a depender de acordos com o Brasil, o visto é dispensado.
Rio das Pedras
Em 2012 e 2016, Chiquinho Brazão foi o vereador mais votado na região de Rio das Pedras. Em 2018, foi eleito deputado federal, usando o bairro como base para sua campanha. Entre 2016 e 2018, seu patrimônio subiu de R$ 2,3 milhões para R$ 3,4 milhões, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Flávio Bolsonaro é outro político que conseguiu bons votos na favela em em 2018. Com 8.729 votos, o filho do presidente foi o senador mais votado da região.
Outro suspeito do caso Marielle também tem ligação com a favela. O professor de artes marciais "Djaca", responsável por ter jogado no mar armas que teriam sido usadas no assassinato da vereadora vive e dá aulas na região de Rio das Pedras e Muzema. Em suas redes sociais, Djaca já postou panfletos que fazem propaganda de um serviço de transporte de passageiros apelidado de “Uber da milícia”.
João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho deste ano. O parlamentar, que também possui o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, e suspeito de ser num dos mandantes do crime.
Os integrantes da família Brazão estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) até 15 de agosto, a qual o Brasil de Fato teve acesso por meio da Lei de Acesso à Informação.
Domingos Brazão é investigado desde fevereiro deste ano sob suspeita de obstruir as investigações do caso Marielle. No último dia 17 de setembro, a ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge, apresentou uma denúncia contra ele nesse sentido e também solicitou a abertura de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se o conselheiro foi o mandante do assassinato.