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Uma menina de 11 anos morreu em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, por desnutrição após o padrasto, de 47 anos, e a mãe, de 26 anos, deixá-la até dois dias em jejum como castigo para se purificar dos pecados.
De acordo com o delegado Ricardo Mamede, a prática de jejum era uma imposição do padrasto como um castigo por ela ter mentido, segundo informações do Portal G1. A menina morreu na quinta-feira (24) após ser levada ao pronto-socorro municipal, onde já chegou morta.
O casal foi preso na sexta-feira (25) e vai responder por tortura com morte, cárcere privado e abandono intelectual.
Segundo a polícia, a prática de jejum era uma imposição do padrasto, que aplicava a medida como punição à garota e ao irmão dela, de 8 anos. De acordo com o delegado, o padrasto tem convicções religiosas de que o salvamento das pessoas só pode acontecer através do jejum.
Diário
Em um diário, apreendido durante a investigação, a menina relatava a rotina de orações e exercícios físicos.
“Com as buscas, encontramos o diário relatando a rotina, que era jejuar, orar e fazer exercícios frequentes. Flexão, abdominal e mesmo sem alimento, ela era obrigada a fazer exercícios”, disse o delegado.
A mãe e o padrasto pretendiam mentir, segundo a polícia, que a menina tinha anemia e teria morrido por falha dos médicos no hospital.
“[em depoimento] O padrasto continuou afirmando que ela teria falecido em virtude de anemia e não se culpava por aquilo e afirma até hoje que faria de novo. Que ele acredita que a purificação só venha através de jejum. Mas a mãe, após ser confrontada com todas essas provas, ela decidiu revelar a verdade e contou detalhadamente tudo”, disse o delegado.
Quando as crianças desrespeitavam, ele aplicava castigos de jejum, que começavam com uma refeição, passava para duas e foi aumentando, até chegar ao jejum de mais de dois dias no qual a garota morreu.
Em depoimento, segundo o delegado, a mãe teria mandado que ela tomasse água quando a menina reclamou por sentir fome.
Cárcere privado
Em depoimento na sexta a mulher confessou, segundo a polícia, que mantinha a menina em cárcere privado. De acordo com o relato, ela ficava no chão sobre um tapete de EVA (um tipo de borracha) no apartamento da família, no Centro da cidade.
Ela disse que a vítima ficou trancada em casa durante cinco meses e que era obrigada a jejuar e orar como forma de corrigir e castigar por atos considerados errados, como mentiras. Durante esse período, ela teria saído apenas duas vezes na rua. O irmão dela também era submetido a castigos esporádicos.