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O trabalhador rural Elizeu Queres de Jesus, de 38 anos, foi morto e outras nove pessoas ficaram feridas neste sábado (5) durante conflito por disputa de terra no município de Colniza, em Mato Grosso.
Segundo nota divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), a área do conflito, conhecida como Fazenda Magali, se encontra em uma grande gleba de terras da União (que as famílias já solicitaram a arrecadação para ser destinada á reforma agrária), que é alvo de disputa entre os antigos grileiros e o ex-deputado estadual José Riva (PSD) em sociedade com o ex governador Sinval Barbosa (MDB), "que supostamente adquiriram parte dessa área com dinheiro de desvios do erário público".
Segundo a nota da CPT, Milton José da Silva, Moisés Ferreira e Valmir Nunes Januário estão internados em estado grave. Os trabalhadores são ligados à Associação Gleba União de Colniza e ao movimento de luta por terra 13 de Outubro.
O grupo se dirigia à estrada de acesso ao Rio Traíra para buscar água quando foram surpreendidos pelos seguranças armados e alvejados de forma vil e covarde. Os trabalhadores denunciam que a Polícia Militar não queria sequer deixar o SAMU ir buscar as vítimas no local da tragédia e, inicialmente se negou a ir ao local também.
Quatro seguranças da fazenda foram presos neste domingo, segundo informações do portal G1. Testemunhas disseram à polícia que nenhum dos trabalhadores ruais portava arma de fogo e os policiais encontraram no local apenas balas de armas usadas pelos funcionários da propriedade rural.
Tragédia anunciada
Esse é o primeiro assassinato registrado pela CPT, em 2019, por conflitos no Campo. Uma tragédia anunciada e denunciada pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) no estado, no dia 1º de novembro de 2018. Em nota, as entidades alertavam para o eminente conflito na região onde 200 famílias reivindicam o direito à terra e viviam sob a mira de cerca de 30 pistoleiros.
“Das quase 200 famílias que lá estão sob a mira dos pistoleiros na Fazenda Agropecuária Bauru, algumas são posseiras, outras compraram o direito de estar na terra, e já moram em seus lotes há algum tempo. Produzem e criam animais. São pessoas que apostaram no sonho de construir uma vida com o suor do trabalho. Não podemos deixar que mais um massacre aconteça, que mais uma violência aconteça a estas pessoas que já nasceram vulneráveis e que, por sua condição de pobreza, já nasceram em estado de exceção", dizia a nota.