Resposta de ex-ministros da Saúde para editorial de O Globo: Só falta culpar o Zé Gotinha

Em artigo, Humberto Costa, Alexandre Padilha e Arthur Chioro rebatem publicação: “Esse meio de comunicação, que participou ativamente do golpe, deveria ter vergonha e remorso por ser um dos responsáveis pelos problemas que assolam a vida dos brasileiros, e encontrar os verdadeiros culpados pela queda na vacinação”

Foto: Nailana Thiely/ASCOM/UEPQA/Fotos Públicas
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[caption id="attachment_139271" align="alignnone" width="700"] Foto: Nailana Thiely/ASCOM/UEPQA/Fotos Públicas[/caption] Por Humberto Costa, Alexandre Padilha e Arthur Chioro* O gráfico, abaixo, por si só, já demonstra o quanto o editorial do Globo é falacioso. Definitivamente, não houve diminuição de cobertura durante os governos do PT, pelo contrário, aumentamos o número de vacinas ofertadas, ampliamos a capacidade tecnológica dos laboratórios públicos, resultando na redução da incidência de doenças preveníveis por vacinas. Isso tudo atestado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). A Área de Vigilância em Saúde foi uma prioridade dos governos do PT desde o primeiro momento. Já em 2003, foi criada a Secretaria de Vigilância em Saúde no Ministério da Saúde, que, entre outras responsabilidades, assumiu o Centro Nacional de Epidemiologia e de Imunização. Assim, foi criada a Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), como parte da administração direta, sob comando direto e próximo da direção do Ministério. Ao mesmo tempo em que a expansão da Estratégia de Saúde da Família e a política de descentralização davam melhores condições aos municípios para a expansão e a qualificação da atividade de vacinação, o Ministério da Saúde investiu na capacidade de gestão e monitoramento das ações e deu bases formais para que as tecnologias modernas fossem efetivamente colocadas a serviço da prevenção de doenças. Dando ao PNI uma clara prioridade entre as atividades da pasta, a diretriz geral era de que toda vacina que tivesse demonstrada cientificamente boas características em estudos de custo-efetividade adequados à realidade brasileira deveria ser oferecida à população. Pela primeira vez, o Ministério da Saúde passou a contar com um sistema organizado para avaliação e incorporação de tecnologias, que subsidiou a incorporação das vacinas contra rotavírus, pneumococo, varicela, meningococo C, hepatite A e papilomavírus (causador do câncer de colo de útero), além da vacina acelular contra coqueluche e da vacina injetável contra poliomielite. Várias vacinas que já estavam no calendário passaram a ser oferecidas de maneira muito mais ampla, como aquelas que protegem contra gripe, hepatite B, febre amarela e sarampo. Além da ampliação mencionada, houve a preocupação de levar as vacinas aos locais de acesso mais difícil, fornecendo, por exemplo, refrigeração baseada em energia solar em várias localidades da Região Norte e dispositivos para controle de temperatura de vacinas, de forma a garantir a qualidade do produto que chega à população. O Governo Federal fez importantes investimentos e fortaleceu o papel dos laboratórios produtores públicos – Instituto Butantan, em São Paulo, Bio-Manguinhos e Instituto Vital Brasil, no Rio de Janeiro, FUNED, em Minas Gerais, TecPar, no Paraná – de forma a assegurar autonomia ao país na produção de produtos tão fundamentais para a saúde pública como são os soros e vacinas. Não bastassem os dados objetivos mencionados, os Ministros da Saúde do período mantinham-se informados sobre os dados de vacinação, participavam pessoalmente de incontáveis reuniões com Secretários de Saúde, Prefeitos e Governadores para a definição de ações que garantissem o alcance das metas de cobertura vacinal. Invariavelmente, eram profissionais de grande experiência em saúde pública e que participavam diretamente não apenas de todas as campanhas de vacinação, mas envolviam-se intensamente no acompanhamento do Programa. É muito preocupante que o Governo Federal, desde o golpe que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff, tenha desprezado a importância do conhecimento da saúde pública no comando do Ministério da Saúde e venha se desresponsabilizando pela sustentação do Sistema Único de Saúde. São essas as razões de fato para a queda recente das coberturas vacinais, o aumento da mortalidade infantil e da malária em nosso país. Esse meio de comunicação, que participou ativamente do golpe, deveria ter vergonha e remorso por ser um dos responsáveis pelos problemas que assolam a vida dos brasileiros, e encontrar os verdadeiros culpados pela queda na vacinação. E NÃO VALE CULPAR O ZÉ! Cobertura vacinal entre 2000 e 2018. Dados tabnet -DATASUS *Humberto Costa é médico e foi Ministro da Saúde no governo Lula (2003-2005), Alexandre Padilha é médico e foi Ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff (2011-2014) e Arthur Chioro é médico e foi Ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff (2014-2015)   Ajude a financiar a cobertura da Fórum nas eleições 2018. Clique aqui e saiba mais.