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Por Agência Minas
A Escola Estadual Padre João de Santo Antônio, situada na área rural de Santa Luzia, Território Metropolitano, é uma das 29 escolas quilombolas do Estado de Minas Gerais. Nela, os alunos começam a trabalhar o orgulho de serem reconhecidos como remanescentes quilombolas a partir dos seis anos de idade. Desde então, eles passam a estudar o tema e sua importância histórica, conhecendo locais importantes da comunidade e seus significados.
“O MEC nos reconheceu como escola quilombola em 2011, mas o tema não era trabalhado porque não éramos orientados a isso e a comunidade mesmo ainda não tinha sido reconhecida. Os meninos não queriam trabalhar com isso. Para eles, ser descendentes de negros era questão de vergonha”, conta a diretora da escola, Paola Catharine Cordeiro Silva.
“Esse olhar diferenciado para a escola quilombola veio com a professora Macaé. Quando ela entrou na Secretaria de Educação, pudemos participar de cursos específicos, nos quais levamos professores, supervisor e até auxiliares. Foi muito bom, porque trocamos experiências e percebemos, inclusive, que fazíamos muita coisa errada. Passamos a trabalhar o tema o ano inteiro, e não só no Dia da Consciência Negra. E hoje os alunos já têm esse sentimento de pertencimento, de se entenderem como quilombolas”, completa Paola.
A educação escolar quilombola hoje comemora os avanços, mas começou a ter uma nuance diferenciada em Minas Gerais apenas em 2015, a partir da elaboração do primeiro diagnóstico institucional específico e da criação do Grupo de Trabalho da Educação Quilombola (GTEQ), pela Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG).
No ano seguinte, a SEE publicou a Resolução 2945/16, que institui processo de escolha de servidores preferencialmente quilombolas para os cargos de diretor e vice-diretor nas escolas estaduais. Em 2017, foram publicadas, ainda, as Diretrizes Estaduais para a Educação Escolar Quilombola.
“Em janeiro deste ano, implementamos processo específico de designação para as escolas quilombolas, com a Resolução 3677/18, que prioriza a contratação de quilombolas para o cargo de professor e de auxiliares – cantineiras, faxineiras, secretárias, entre outros”, explica a superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino da SEE, Iara Pires Viana.
Com essa iniciativa, inédita no Estado, houve aumento de 90% no quadro de profissionais de origem quilombola entre os auxiliares de serviço, e de 50% entre os professores estaduais.
“Conversamos com as lideranças quilombolas, e percebemos que escolas gestadas por pessoas das próprias comunidades e tendo em seu quadro professores, servidores, assistentes também quilombolas poderia, sim, fazer muita diferença para o avanço da educação escolar quilombola. Foram muitos anos de invisibilidade, de negação de direitos e identidades para essas pessoas e para as escolas”, relata Iara.
“Essas resoluções mudam significativamente a educação escolar quilombola no Estado, pois ampliam o que se chama de educação específica. Esse entendimento da especificidade de cada quilombo devolve para essas comunidades tradicionais o direito e o lugar de fala de cada uma”, completa.
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