Escrito en
BRASIL
el
Por Sidney Rezende, no SRzd
O Brasil assiste a uma perversa combinação do encontro de extremos ideológicos que só nos arrasta para o pior dos mundos, ao invés de ajudar a nos distanciarmos dele.
Radicais gestaram em suas cabeças e incutiram na de muitos brasileiros que os governos de centro-esquerda nos levariam a uma venezuelização, onde prevaleceria o caos e o desabastecimento. E, neste sentido, partiram para a perigosa marcha que atropelou a Constituição, arranhou o tecido social e abriu a panela de pressão que trouxe ódio entre irmãos.
Oportunistas, Michel Temer e seus apoiadores assumiram o poder e, a poucos meses da eleição presidencial de 2018, o que se constata é que afundaram as bases econômicas e, por inabilidade e incompetência natas, jogaram o país justamente no que eles acreditavam ser mais previsível sob o comando de cabeças petistas: desemprego e desabastecimento.
A Justiça e o Ministério Público, bafejados pela grande mídia, erraram ao perseguir e punir com mais rigor os ladrões de um lado só. Se é para limpar, que se fizesse de uma vez, e dentro da lei.
E, agora, com a paralisação dos caminhoneiros, cresceu o risco desta crise tirar o mínimo de tranquilidade necessária para o prosseguimento do calendário eleitoral de outubro. Pior, se induz parte da esquerda a acreditar que o “quanto pior” poderá ser o “melhor” para pretensões particulares. Não. O caos draga a todos e torna o futuro anda mais incerto. Em tempo: nesta crise, há um elemento estranho que se viu em 2013. Parece um revival.
A união cada vez mais real – por linhas tortas – de extremos é nitroglicerina pura. A partir desta perplexidade, tudo pode acontecer. Não é hora de porrete, por mais que isto pareça o provável; é hora de ações objetivas de quem no andar de cima ainda tem juízo e um mínimo de espírito público.
A permanência de Pedro Parente à frente da Petrobras passou a ser um grande problema. A política adotada para a administração do preço do combustível põe mais gasolina no impasse. Neste caso, neste momento, exige-se habilidade política tanto quanto competência de gestão econômica.
A dinamitização do diálogo com as centrais sindicais permitiu a ascensão de figuras mesquinhas que a mídia, incompetente, dá voz a quem não mereceria um segundo sequer de espaço.
A proliferação de anônimos lançadores de chamas na internet e grupos criminosos contumazes autores de fake news é um elemento de difícil combate. Mas é preciso enfrentá-los. Estes grupos apostam na confusão.
A Venezuela está logo ali.