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"As cenas do Carnaval revelaram uma agressividade muito grande e uma desorganização social e até moral muito acentuada. As pessoas lá não têm mais limites", disse o presidente Michel Temer em uma das entrevistas que concedeu, nesta sexta-feira (16), sobre as motivações do decreto que baixou que dá às Forças Armadas o controle da Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro.
O emedebista usou a suposta explosão da violência no Rio durante o Carnaval como a principal justificativa para a decisão de recorrer à intervenção militar. Ao longo do feriado, a Globo bombardeou seu noticiário com notícias sobre o suposto "caos" na folia carioca.
Dados oficiais divulgados por órgãos oficiais, no entanto, fazem a justificativa de Temer cair por terra. O número de ocorrências no Carnaval deste ano (5.865) se manteve próximo ao ano passado (5.773), quando a Polícia Civil estava em greve, e foi bem menor que em anos anteriores em que a comparação é mais justa, já que tanto a Polícia Militar quanto a Civil estavam atuando. Para se ter uma ideia, em 2016 foram 9.016 ocorrências e, em 2015, 9.062.
“Foi um carnaval muito parecido com o dos outros anos. Estou segura em dizer que não houve nenhuma explosão de violência neste ano”, afirmou ao jornal Estadão a diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP), Joana Monteiro.
De acordo com Monteiro, apesar de o estado sofrer, sim, com a violência, a sensação de insegurança aumenta por conta da "narrativa" vendida pela mídia.
“Houve a vinculação de vários vídeos, imagens muito violentas, então a sensação de segurança de segurança de todo mundo vai para o espaço. É claro que importa, mas os dados são os nossos melhores parâmetros para ver o que acontece de fato. Não é um retrato fiel de tudo o que aconteceu no Rio, mas é o que as pessoas registraram e um parâmetro mais objetivo do que a gente está vivendo", afirmou.