Primeiro de janeiro: E o Brasil cria o dia da piada pronta

Lugar de piada é em programas televisivo desse feitio, não é? Quem dera. Aqui no Brasil não é bem assim, não. Uma piada sai da “Escolinha do Professor Raimundo” e vai parar no Planalto Central, simples assim.

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Por Francisco Julio Xavier* Dia primeiro de janeiro será lembrado mundialmente como o dia da piada pronta. O Brasil verde e amarelo criou para o mundo e para a história: o dia da gargalhada. E o país será feliz por um dia. Mas para quem pensa que essa piada é nova, fique certo: já fez muita gente rir, até na TV, há mais de duas décadas vem sendo usada como zombaria em programa de humor. Mas isso é óbvio, lugar de piada é em programas televisivo desse feitio, não é? Quem dera. Aqui no Brasil não é bem assim, não. Uma piada sai da “Escolinha do Professor Raimundo” e vai parar no Planalto Central, simples assim. Por falar em centro, essa piada, de tantas vezes contadas, se consagrou como um verdadeiro e macro fake news, até “homenagem” em projeto de lei ela recebeu, a piada. Ganhou nome e notoriedade. Mas ela é vista como uma ameaça por alguns. Eu não vejo o motivo de alarme e histerias em relação a isso. Uma gargalhada não faz mal a ninguém, no máximo pode levar o indivíduo a um hospital com dores na barriga. A piada nos faz sentir dores nessa região do corpo, na barriga, mas nada que leve a ficar um dia sequer em uma UTI. Acho que rir pode ser bom. Apenas voltaremos ao velho “pão e circo”, sem o pão, é claro, somente o circo. O arrependimento, não. Esse não faz rir. Hoje vejo que há muitas pessoas que sentem isso, e olhe que ainda nem chegou dia primeiro de janeiro. Desde criança eu sempre ouvi falar que as piadas mais famosas do Brasil vinham do Ceará. Puro Mito! Mais hoje vejo que isso era na época em que elas eram bem elaboradas, tinham sincronicidade, tinha estudo matemático do riso. Hoje não, a piada já vem pronta e viaja por várias estados. De São Paulo, pode cair de prontidão em Brasília. Ah, mas uma coisa não muda na piada. Ela sempre tem uma uma “escada” para se sobressair. É, sempre tem alguém que dá uma deixa para fazer toda a plateia rir. Eu, inclusive lembro, sempre Moro de rir, perdão, morro (sem maiúscula e com mais um r). Essas escadas têm jurisprudência para dar o climax e ponto de riso para a público cair na gargalhada. No Brasil, não vale aquele ditado de “Quem ri por último ri melhor”, não se iluda com isso, não. Aqui, quem ri primeiro é sempre quem contou a primeira piada. Inverte-se também a fala do mestre que os últimos serão os primeiros. Por aqui? Os primeiros são sempre os primeiros, mesmo. Como tudo muda, até o ditado já mudou. A piada também já mudou várias vezes de tom e nuances. Eu tenho para mim a convicção que a piada boa é a do Ceará, aí sim, e não é porque sou nordestino, não, mas é porque essa faz rir de achar graça. E para mim, não tem como jair me acostumando com esse novo tipo de piada pronta, não. Quem quiser rir, que ria sozinho. De piada de péssimo mau gosto: não abro minha boca para mostrar os dentes e nem bato continência. *Francisco Julio Xavier é ator e jornalista