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[caption id="attachment_142770" align="alignnone" width="700"] O discurso preconceituoso de Jair Bolsonaro estimula ações como a que ocorreu em uma escola de Pernambuco - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil[/caption]
Por Silvia Bessa, do Diário de Pernambuco
Ayanna tem 10 anos. É negra. Estuda numa pequena escola particular no bairro de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, e este ano não quis participar das comemorações do Dia das Crianças. Em casa, relatou à família que tinha vivido uma ameaça logo após a divulgação do resultado do primeiro turno. Um menino, da mesma idade, se aproximou e disse: “Ayanna, aqui não é lugar para você. Você não vai poder estudar mais nesta escola porque não combina com sua cor. Sua família é negra e vocês têm que viver separados de nós. Bolsonaro já ganhou e garantiu que vai resolver essa mistura. Se seus pais vierem falar merda, a gente mete bala”.
Segundo contou a mãe, Josivânia Freitas, a filha foi vítima de uma sequência de outras frases intimidatórias e preconceituosas. Teria sido chamada de “burrinha” em ocasião anterior. E questionada: “Você estuda nesta escola por causa de bolsa?”, teria perguntado o mesmo menino a Ayanna. A menina chorou, não quis ir à escola nos dias seguintes e os pais analisam se será preciso transferir a menina da unidade educacional.
“Chorei e não foi pouco. Minha filha vive no meio de uma ameaça. Tem medo de existir”, diz Josivânia, pedagoga, doutoranda em Educação Matemática e Tecnológica na UFPE, professora de pós-graduação em Psicopedagogia educacional da UniNabuco, de pós-graduação no Instituto Nacional de Ensino Superior (Inesp/Caruaru), do ensino fundamental em Jaboatão dos Guararapes e coordenadora pedagógica da Escola de Saúde do Recife (ESR). “Só penso como vai ser daqui pra frente se tivermos um representante que diz que lugar de negro é na senzala”, disse ela.
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