Todos contra a violência. Paz nas escolas!

A Secretaria da Educação precisa se abrir ao debate. Precisa ouvir os diferentes atores envolvidos e promover um diálogo que encontre caminhos democráticos e participativos para reduzir a violência dentro das nossas escolas.

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A Secretaria da Educação precisa se abrir ao debate. Precisa ouvir os diferentes atores envolvidos e promover um diálogo que encontre caminhos democráticos e participativos para reduzir a violência dentro das nossas escolas. Por Maria Izabel Azevedo Noronha*  Os resultados da pesquisa sobre violência nas escolas estaduais de São Paulo, que a APEOESP encomendou ao Instituto Locomotiva, divulgados nesta quarta-feira (27), são contundentes: a violência está crescendo dentro das unidades escolares e no seu entorno e é um fator que compromete a qualidade de ensino na rede estadual. Desde as últimas pesquisas realizadas pela APEOESP, em 2013/2014, a situação se agravou. Foram ouvidos professores, estudantes, pais e população em geral em todas as regiões do estado de São Paulo e a maioria absoluta dos entrevistados demonstrou que conhece ou de alguma forma foi vítima das recorrentes situações de violência. É alarmante que 61% dos professores e 72% dos estudantes considerem suas escolas como ambientes de violência e que 87% da população afirmem que a violência nas escolas públicas estaduais aumentou nos últimos anos. Gravíssimo também é constatar que 45% dos pais, 48% dos estudantes e 37% dos professores não se sentem seguros dentro das escolas estaduais. Quando se fala do entorno das escolas os números são ainda mais espantosos: 73% dos pais, 69% dos estudantes e 60% dos professores não se sentem seguros nas proximidades das unidades escolares. Finalmente, entre tantos dados coletados, merece destaque que mais de 1,6 milhão de estudantes e que 173 mil professores tenham tomado conhecimento de casos de violência em suas próprias escolas. E,  também, que 39% dos estudantes e que 51% dos professores tenham sofrido pessoalmente algum tipo de violência em suas escolas. Por que fizemos esta pesquisa? Em primeiro lugar para que se evidencie com dados uma realidade pressentida pela comunidade escolar e pela sociedade. Em segundo lugar, para que possamos cobrar com muito mais propriedade da Secretaria Estadual da Educação as providências necessárias para reduzir esta altíssima incidência de casos de violência. O fato é que hoje as escolas estaduais estão abandonadas pelo poder público. Não há funcionários suficientes, a infraestrutura é precária, as salas de aula estão superlotadas, os profissionais da educação estão desvalorizados e não há gestão democrática. Em vez de atuar no sentido de minimizar a ocorrência de casos de violência, a Secretaria de Educação reduziu neste ano o número de professores mediadores, o que incidiu na elevação da violência dentro das escolas. As escolas estaduais hoje não são atrativas para os estudantes. Ao  contrário, se tornaram locais hostis devido a essas condições adversas. Para mudar, as autoridades deveriam, em primeiro lugar, reconhecer a gravidade da situação. Entretanto, a Secretaria da Educação afirma, contra todas as evidências e os dados da pesquisa, que houve redução no número de casos. Ao mesmo tempo, anuncia um "novo" programa de mediação escolar e comunitária que não tem nada de novo. Não amplia o número de professores mediadores, joga sobre os vice-diretores atribuições que não lhes cabem e passa essas atribuições também aos professores readaptados, que estão afastados das salas de aula justamente por não terem no momento condições físicas e mentais para enfrentarem situações de tensão, conflitos e desgastes. A Secretaria da Educação precisa se abrir ao debate. Precisa ouvir os diferentes atores envolvidos e promover um diálogo que encontre caminhos democráticos e participativos para reduzir a violência dentro das nossas escolas. *Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo Foto: Câmara dos Deputados