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A filha do deputado estadual foi citada em uma das postagens em que Priscilla Soares o acusa de machismo. Isadora Freixo, então, resolveu quebrar o silêncio e contar da convivência que tinha com Freixo e com a ex-namorada que, segundo ela, pautou suas acusações por ciúmes. "Se meu pai tivesse cometido qualquer forma de machismo eu jamais iria defendê-lo. Resolvi falar porque o que vem acontecendo é um linchamento nas redes baseado numa acusação injusta"
Por Redação
A filha do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) resolveu, nesta sexta-feira (28), quebrar o silêncio. Em postagem no Facebook, a jovem fez uma defesa pública do pai, que vem sendo acusado de machismo e agressão pela ex-namorada, Priscilla Soares.
Em postagem no Instagram esta semana - a publicação já foi deletada -, Priscilla afirmou, sem entrar em detalhes, que Freixo "sabe das cicatrizes que causou" nela e em “muitas outras mulheres”. Essa foi a terceira acusação que a ex-namorada faz. Em maio, também pelo Instagram - outra postagem deletada -, a ex-namorada, em publicação, chama o deputado de "esquerdo-macho" e diz que se sentiu acuada ao longo da relação entre os dois. Em uma postagem mais antiga, ela chega a acusar Freixo de agressão.
Em outro texto, Priscila cita ainda o nome de Isadora Freixo, filha do deputado, e de sua ex-esposa, mãe de seu filho, acusando-as de "falta de sororidade".
Em publicação nesta sexta-feira, Isadora contou sobre a relação que tinha com Priscila e afirmou que jamais viu seu pai agredindo uma mulher e que suas acusações são baseadas em ciúmes.
"Sobre as acusações feitas a respeito do meu pai, a primeira ocorreu uma semana depois do seu aniversario de 50 anos, onde ele apareceu publicamente pela primeira vez com a namorada nova. A segunda denúncia foi dois dias depois do dia dos namorados, quando ele e a nova namorada postaram, pela primeira vez, fotos juntos. A terceira e mais recente ocorreu durante a viagem de férias do casal, duas horas depois da sua nova namorada postar uma foto com declarações de amor", escreveu.
"Fui criada para não baixar a cabeça pras injustiças, pro machismo, pra não aceitar nenhuma forma de opressão. Nem mesmo de parentes mais próximos. Se meu pai tivesse cometido qualquer forma de machismo eu jamais iria defendê-lo. Resolvi falar porque o que vem acontecendo é um linchamento nas redes, baseado numa acusação injusta e que utiliza uma luta importante como arma de vingança, deslegitimando as denúncias reais", completou a jovem.
Também pelo Facebook, esta semana, a mãe do filho do deputado e outra ex-namorada também refutaram as acusações contra o psolista.
"Como ex-mulher do Marcelo Freixo e mãe do seu filho, venho me posicionar em relação à pessoa que é o Marcelo. Nunca no meu casamento sofri nenhuma agressão, nem física e nem moral. Pelo contrário, Marcelo sempre foi um incentivador de ideias, um homem de caráter, muito amoroso e um excelente pai. Quero deixar claro meu total apoio ao Marcelo, que sempre juntou a teoria e a prática. Um homem íntegro! As separações provocam dores, mas nunca devem provocar vinganças", escreveu Karla Duarte.
"Vivi quatro anos e meio com o Marcelo, o Freixo. Posso e quero falar da minha relação com ele, que foi muito boa. Nunca sofri nenhum abuso, pelo contrário, fui muito amada e mimada por meu ex companheiro Marcelo Freixo. Crescemos juntos, até que nossos caminhos seguiram outros rumos e a partir daí, eu não posso mais falar nada. Quero deixar claro que admiro o Marcelo como homem público, fiz campanha para ele e desejo que ele seja muito feliz", postou Renata Stuart.
Confira, abaixo, a íntegra do desabafo de Isadora e, na sequência, o post de Priscila em que cita o nome da filha de Freixo.
Postagem de Isadora Freixo
Diante de tamanha injustiça não posso mais ficar calada. Fui criada para não baixar a cabeça pras injustiças, pro machismo, pra não aceitar nenhuma forma de opressão. Nem mesmo de parentes mais próximos. Se meu pai tivesse cometido qualquer forma de machismo eu jamais iria defendê-lo. Resolvi falar porque o que vem acontecendo é um linchamento nas redes, baseado numa acusação injusta e que utiliza uma luta importante como arma de vingança, deslegitimando as denúncias reais. Quero deixar claro que meu pai não pediu defesa, o que ele pediu foi para que eu não me envolvesse. Mas na primeira “denúncia” de sua ex-namorada, eu fui citada, marcada e acusada a partir de boatos e acabei sendo envolvida publicamente nesta história, mesmo sem querer. Apesar disso, ninguém se interessou em ouvir o que eu tinha a dizer. E agora resolvi relatar um pouco do que vivi durante a relação desta moça com meu pai.
Meu pai e minha mãe se separam quando eu tinha 8 anos. Durante quatro anos meus pais tiveram guarda compartilhada, até minha mãe decidir ir morar em Campos. A partir daí, passei a ir pro Rio pelo menos 1 vez ao mês para ficar com meu pai. Ele sempre foi muito presente e carinhoso. Conheci sua última namorada quando eu tinha 15 anos. No início, não tinha muito contato, já que eles estavam começando a namorar e eu não morava com ele. Mas depois que eles foram morar juntos os problemas começaram.
Os ciúmes dela comigo eram evidentes e apareciam de várias formas. Sempre que eu ia para o Rio ela arrumava um motivo para brigas onde exigia 100% da atenção do meu pai, saia de casa e não parava de ligar para ele, falava que se ele não fosse encontra-la era porque ele não se importava com ela. Durante os 2 anos de relação ela quase nunca foi visitar os meus avós, meu irmão ficou os 2 anos sem pisar na casa do meu pai pois não se sentia confortável. Meu pai errou sim. Errou ao deixar essa situação se prolongar e não mostrar o quanto a família é parte dele, mas em nenhum momento fez as atrocidades que está sendo acusado de cometer.
Lembro-me de um dia que passamos juntos e sua ex-namorada não foi, mesmo sendo diversas vezes convidada. Ela passou o dia todo mandando mensagens para o meu pai e quando chegamos em casa ela começou a gritar com ele, empurrando ele diversas vezes e falando que ele tinha abandonado ela. Meu pai não revidou como ela alega, nem nesta nem nas outras brigas que presenciei. Ele se manteve calmo, respondendo que estava comigo o dia inteiro e que a tinha convidado, mas que ela não quis ir. Ela disputava comigo um espaço que não era de disputa.
Além da minha mãe, meu pai teve dois outros casamentos, além deste último relacionamento. Tenho uma boa relação com todas as ex-companheiras do meu pai, mas com a última moça sempre foi diferente, desde o início eu e meu irmão fomos bloqueados em todas as redes sociais dela.
Os últimos dois Natais em que eles estavam juntos foram um caos. Ela ficava brigando com meu pai pelo telefone e ele passava o Natal inteiro tentando fazer as pazes. Em ambos, meu pai teve que ir embora mais cedo para conversar com ela e evitar mais conflitos. Nos picos da depressão dela, havia sempre o fantasma de que ela voltasse a tentar cometer um ato extremo. No reveillon de 2016, eu ia ficar com meu pai do dia primeiro até minhas aulas voltarem, mas tive que ir mais cedo pra casa pois ela sempre arrumava briga quando eu estava por perto.
Sobre as acusações feitas a respeito do meu pai, a primeira ocorreu uma semana depois do seu aniversario de 50 anos, onde ele apareceu publicamente pela primeira vez com a namorada nova. A segunda denúncia foi dois dias depois do dia dos namorados, quando ele e a nova namorada postaram, pela primeira vez, fotos juntos. A terceira e mais recente ocorreu durante a viagem de férias do casal, duas horas depois da sua nova namorada postar uma foto com declarações de amor.
Não aceito que digam que eu não sei quem é meu pai, pois quem sabe é esta moça que conviveu com ele pouco mais de dois anos. Não vou tolerar que falem que eu “também” estou sendo manipulada, porque isso nunca existiu. Não venham dizer que estou sendo instrumentalizada. Sou jovem sim, mas não sou burra nem ingênua. Jamais compactuaria com atitudes opressoras, violentas ou machistas. Nunca vi ou ouvi meu pai cometendo tais atitudes de que é acusado. Nem com sua ex, nem com ninguém. Convivo com ele há quase 19 anos e ele sempre me educou pelos princípios do feminismo. Meu lugar de fala é legítimo e mereço ser ouvida. Na primeira postagem, a moça falou sobre a importância da sororidade, enquanto atacava a mim e minha mãe. Essa compreensão de sororidade que só beneficia a um indivíduo, não se alinha com o que entendo como feminismo. Me irrita que uma bandeira tão importante para mim e outras mulheres seja usada como arma de forma tão egoísta, individualista e vingativa. Toda mulher deve sim ser ouvida ao reivindicar o lugar de vítima. Mas não se pode usar uma luta que não é sobre justiçamento, e sim sobre justiça, para acabar com a vida de uma pessoa inocente por conta de ressentimento de uma relação que não deu certo.
Postagem de Priscilla Soares
O medo.
O medo pode levar à resistência, e muitas vezes à luta.
Senti-me acuada por um período longo desde o término do meu relacionamento de 2 anos e meio com o deputado @marcelofreixo , passei a ser caluniada,supostamente, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos. Um perverso paradoxo político, no sentido de que sem feminismo não há “esquerda” e sem “esquerda” não há feminismo.
Passei anos me dedicando a uma relação de exposição, de julgamentos, e ao fim recebi o título de infiel. Sim, caras amigas, ele determinou como justificativa para o fim do relacionamento traições minhas. Tendo em vista o tamanho da dominação a mim direcionada na hierarquia de um casal hetero, ainda sim, ganhei o carimbo de algoz para que ele fosse a vítima.
Ademais sua filha e ex esposa articularam a fama de mulher louca e depressiva na região onde moram. Já discurso mais machista que qualificar uma mulher como louca? Era uma Cidade pequena. Onde tudo circula com rapidez. E logo chegaram aos ouvidos de amigos dos meus pais.
@isadorafreixo
Não houve qualquer cuidado em relação a minha vida, a nossa história, ou ao que por dois anos e meio e duas campanhas me dediquei.
Precisava dizer tudo isso, pois o silêncio pode ser opressor. É violento.
Tenho me afastado desse cenário de falsas relações e afetos desde então, mas continuo sendo associada ao então deputado Freixo. Sou “A ex mulher” entre tantas.
Nunca fui mulher de ninguém, nem carne de açougue para ter moscas rondando (como ele gostava de falar em tom jocoso), eu sempre fui Priscilla.
Estudante de doutorado, cirurgiã-dentista, militante de muitas bandeiras desde muito jovem. De esquerda. De escola pública. De universidades públicas. Atuando em serviço público.
A minha história é de luta todos os dias no cotidiano de trabalho. Seja num plantão na upa ou atendimento na favela.
Aos jovens que ficam sob a lente de outros, busquem vcs mesmos como nossa sociedade se organiza, como é atroz em seu nível de desigualdade e miséria estrutural. Não sejam massa de manobra.
Amanhã é dia de rua. Por todos nós brasileiros e brasileiras.
E a nós, mulheres, sororidade. Luta. Resistência. Denúncia. Vida.