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O trabalho da polícia foi uma corrida contra o tempo para preservar a vida dos jovens envolvidos. "Algumas vítimas estavam muito marcadas quando nós as encontramos". Veja aqui orientações de especialistas de como tratar o tema com adolescentes.
Da Redação*
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza na manhã desta terça-feira (18) uma operação no RJ e em outros oito estados contra o jogo da Baleia Azul, uma corrente que tenta induzir virtualmente seus participantes, a maioria menores de 16 anos, ao suicídio por meio de 50 desafios.
Os mandados expedidos pela Justiça estão sendo cumpridos em 20 municípios. Um suspeito foi preso na favela Nova Era, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Matheus Silva, de 23 anos, confessou aos policiais que era um dos "curadores" do jogo.
O Baleia Azul não existe oficialmente – não há um site ou algo parecido. É uma iniciativa de criminosos que usam as redes sociais para impor desafios macabros a crianças e adolescentes. Um grupo de organizadores, chamados "curadores", propõe uma sequência de missões que envolvem isolamento social, automutilação e suicídio.
Sob comando da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), os agentes tentam cumprir 24 mandados de busca e apreensão no Amazonas, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Havia apenas um mandado de prisão, que já foi cumprido no Rio de Janeiro.
"Esse rapaz que foi preso, nós já tínhamos materialidade suficiente para pedir a prisão dele. Ele já confessou que era curador, que tinha influenciado 30 vítimas, mas temos nos autos cerca de 40 vítimas", disse a delegada-assistente Fernanda Fernandes.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal, e o objetivo é identificar e prender supostos "curadores" do jogo, que chegou a causar ferimentos em vítimas no Rio e tem ligação suspeita com casos no Mato Grosso e na Paraíba. Algumas das vítimas, ao tentarem deixar o jogo, foram ameaçadas por essas pessoas.
Às 8h50, os policiais já haviam apreendido telefones celulares e computadores em todos os estados onde a ação foi realizada. Os agentes vão avaliar o material apreendido, que vai ajudar a identificar os outros curadores do Baleia Azul. São 24 equipes de agentes em 20 municípios de todo o país, com pelo menos 3 agentes em cada. Assim, há pelo menos 72 policiais envolvidos.
Investigações
Segundo os responsáveis pela investigação, o trabalho foi uma corrida contra o tempo para preservar a vida dos jovens envolvidos. "Algumas vítimas estavam muito marcadas quando nós as encontramos", explicou a delegada Daniela Terra. Todas foram encaminhadas para atendimento psicológico.
A delegada afirmou que os pais devem avaliar se as crianças têm maturidade para ter um perfil em rede social.
As rondas virtuais por redes e serviços disponibilizados pela internet ajudaram a Polícia Civil do Rio de Janeiro a identificar a migração do jogo, que acontecia em alguns países da Europa, para as cidades brasileiras.
Segundo a Safernet (associação que combate violação de direitos humanos na internet), o jogo surgiu de uma notícia falsa na Rússia que se espalhou a partir de 2015. Desde abril, a DRCI investiga várias pessoas que estariam relacionadas aos crimes envolvendo o Baleia Azul.
Recomendações
As recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet, frequentar as redes sociais dos filhos, observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira. Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul.
Também as escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais, a educação para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso consciente das mídias e tecnologias.
Especialistas dão dicas de como lidar com o tema:
- Fique atento às mudanças de comportamento
- Compartilhe projetos de vida
- Abra espaço para diálogo
- Adolescentes devem buscar aliados
- Escolas podem criar iniciativas pela vida