Escrito en
BRASIL
el
As acusações são de calúnia, injúria e difamação por conta de cobranças feitas pelo familiares aos procuradores pela não acusação de pessoas envolvidas no incêndio
Por Redação Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil)
Pelo menos quatro familiares das vítimas da boate Kiss estão sendo acusados por crimes como calúnia, injúria e difamação por membros do Ministério Público. MP, encarregados de investigar e propor ações contra os responsáveis pelo incêndio, que matou 240 pessoas em 2013.
Dois dos acusados são o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, AVTSM, Sérgio da Silva, e o presidente do movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio José da Silva. O promotor Ricardo Lozza afirma ter sido ofendido por cartazes colados em Santa Maria com sua foto. O material o apontava como um dos culpados pela tragédia.
Outros dois procuradores também fizeram representação contra o diretor jurídico da AVTSM, Paulo Tadeu Nunes de Carvalho por texto publicado nos jornais de Santa Maria, que daria a entender que os promotores cometeram prevaricação. A quarta ação foi movida contra a aposentada Marta Beuren, de 66 anos, por injúria, difamação e falsidade ideológica.
A pressão de familiares das vítimas ocorreu, principalmente, depois que investigação da Polícia Civil apontou responsabilidade de 28 pessoas, mas só oito foram denunciadas. A partir daí, reuniões com membros do MP começaram a ser gravadas, nas quais falavam sobre falhas dos bombeiros e da possibilidade de propina para fiscais da prefeitura. O que acabou não aparecendo nas denúncias levadas à Justiça.
Numa das gravações, um procurador disse:
"Teve falha administrativa? Teve, mas a principal falha foi dos bombeiros. Porque, assim, ó: existe uma "leizinha" municipal que prevê que não pode ter material inflamável dentro da boate, e os bombeiros não deram bola para isso, simplesmente ignoraram. Se os bombeiros tivessem incluído isso no SIGPI (Sistema Integrado de Gestão e Prevenção de Incêndio), aquele "artiguinho" da lei, e tivessem ido lá ver aquela espuma, não tinha acontecido absolutamente nada. E ninguém está se dando conta da extensão da responsabilidade dos Bombeiros, entende?"
Dois anos e meio depois da reunião, o promotor pediu a absolvição dos soldados. Para ele só os comandantes eram culpados.
Noutra gravação, sobre propina na prefeitura:
"Eu tenho esse sentimento que o senhor tem. O Mauro, o Kiko até não sei, mas o Mauro (um dos donos da boate), que é um cara mais antigo da noite tem influência e tal. Que ele tem conhecimento lá (na prefeitura) e que fez mutreta lá dentro, isso eu tenho certeza que aconteceu! Mas como é que eu vou provar isso?"
Nenhum fiscal da prefeitura foi denunciado.