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Jaime Arturo Ramírez e Sandra Regina Goulart Almeida foram levados em condução coercitiva; modus operandi é o mesmo utilizado no caso do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina.
Da Redação*
A Polícia Federal acabou de levar o reitor Jaime Arturo Ramírez e a vice-reitora Sandra Regina Goulart Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em condução coercitiva para um “interrogatório”. Há outros mandados de condução coercitiva em curso.
Alguns professores da universidade declararam que pode ser um novo caso Cancellier. Meses atrás, a PF fez a mesma coisa com o reitor e professores da Universidade Federal de Santa Cataria, o que acabou levando ao suicídio do reitor Luis Carlos Cancellier de Olivo. A operação em Santa Catarina, após todo o estardalhaço midiático, não conseguiu provar nenhum desvio.
O modus operandi é o mesmo: estardalhaço midiático, brutalidade policial, arbitrariedade do judiciário e MP e uma tentativa de desmoralizar a imagem da universidade pública.
As informações transmitidas pela Polícia Federal, em texto divulgado no site da instituição, falam em “desvio de recursos públicos destinados à construção do Memorial da Anistia Política”, o que marca mais ainda o caráter persecutório e ideológico da operação.
Os reitores acabaram de ser eleitos e, portanto, não teriam nada a ver com gestões anteriores. Até o nome da operação é um insulto à luta contra a ditadura: Operação Esperança Equilibrista, copiando trecho de uma belíssima canção de Aldir Blanc e João Bosco.
A associação de professores já convocou uma manifestação em frente à sede da PF, em Belo Horizonte, no Bairro Anchieta, para protestar contra a brutalidade e o arbítrio da operação.
A Frente Brasil Popular divulgou uma nota sobre a operação da PF na UFMG:
Em uma ação intolerável e inconstitucional na manhã desta quarta-feira, 6 de dezembro, a Polícia Federal invadiu a UFMG. Na sequência, conduziu coercitivamente os três últimos reitores e vice-reitores da universidade.
Em clara demonstração do avanço do estado de exceção a operação foi denominada “Esperança Equilibrista”, ocorrendo há menos de uma semana do lançamento do relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais e as vésperas da votação da Reforma da Previdência, como tem sido prática das forças do golpe.
A atual direção da Policia Federal indicada pelo governo do golpe preserva os corruptos e persegue os honestos. A atual operação, conduzida pela PF com apoio de Ministério e da CGU do atual governo federal, tem claro objetivo de desmoralizar a universidade pública, o pensamento crítico, a educação e a pesquisa acadêmica brasileira.
É preciso lembrar que após o impeachment o governo ilegítimo sequer nomeou novo presidente para a Comissão da Anistia responsável por lançar o projeto em 2008, paralisando os trabalhos.
Demonstra claro recado ideológico e ataca uma obra fundamental para defesa da democracia e a cultura democrática brasileira. O Memorial da Anistia visa dignificar os que lutaram contra o regime militar, assim como os memoriais existentes da Alemanha nazista, do apartheid na África do Sul, e da ditadura Pinochet de Allende.
Exigimos a imediata destituição do diretor da Policia Federal e a paralisação do processo tamanha a extensão da arbitrariedade.
Abaixo o estado de exceção e ao ativismo judicial e policial persecutório seletivo!
Ditadura nunca mais!
Em defesa da universidade pública, da autonomia universitária e do pensamento crítico!
Pelo direito a memória, a verdade e a justiça!
Frente Brasil Popular MG*
*Com informações de O Cafezinho
Foto: Sarah Dutra/UFMG