Pesquisa do IBGE aponta que 63,7% dos desempregados no Brasil são negros ou pardos

Índice de desocupação dessa parcela da população ficou em 14,6% no terceiro trimestre, enquanto o dos brancos totalizou 9,9%, ainda segundo levantamento.

Créditos: Marcello Casal/Agência Brasil
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Índice de desocupação dessa parcela da população ficou em 14,6% no terceiro trimestre, enquanto o dos brancos totalizou 9,9%, ainda segundo levantamento. Da Redação* O número de desempregados hoje no Brasil atinge 13 milhões de pessoas, apenas em referência ao terceiro trimestre deste ano. Desse total, 8,3 milhões (63,7%) são negros ou pardos. A conclusão é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada nesta sexta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, o dado indica que a taxa de desocupação dessa parcela da população ficou em 14,6%, enquanto a da população branca ficou em 9,9%.

“As pessoas pretas e pardas estão sempre em desvantagem no mercado de trabalho, desde a inserção a depois de se inserir. São desigualdades que a gente já conhece, mas é sempre bom lembrar”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. A situação de desemprego dos negros e pardos contrasta com os números do mercado de trabalho. Segundo o IBGE, esta parcela da população representa mais da metade dos trabalhadores brasileiros (53%). Mesmo sendo maioria na força de trabalho, a proporção de negros e pardos ocupados (52,3%) foi menor do que a da população branca (56,5%) no terceiro trimestre.

O contraste racial no mercado de trabalho se estende, também, à remuneração. Segundo o IBGE, negros e pardos recebem, em média, R$ 1.531 - quase a metade do rendimento médio dos brancos, que é de R$ 2.757. Situação semelhante é observada no percentual de trabalhadores com carteira assinada no país. Negros e pardos nesta condição somavam 71,3%, abaixo do observado no total do setor (75,3%).

Dos 23,2 milhões de pretos e partos empregados no setor privado no país no terceiro trimestre deste ano, 16,6 milhões tinham carteira de trabalho assinada. Foi o menor contingente nesta condição desde o terceiro trimestre de 2012, quando negros e pardos somavam 16,4 milhões de empregados com carteira de trabalho assinada. O pico na série histórica desta parcela da população foi observado no quarto trimestre de 2014, quando somou 17,9 milhões.

De acordo com o pesquisador, a Pnad já vem mostrando que está aumentando a geração de postos de trabalho sem carteira de trabalho assinada e em grupos de atividades com menor qualidade de trabalho, em termos de renda e outras características. "Os indicadores mostram que a população preta e parda acaba sendo mais direcionada a estes trabalhos".

“Está crescendo mais a ocupação dos pretos e pardos em relação à população total. Isso está relacionado com o aumento do trabalho informal”, ponderou Azeredo. “Mais de um quarto dos trabalhadores de cor preta ou parda estão ocupados como conta própria, o que indica o trabalho informal”, destacou Azeredo. Segundo a pesquisa, o percentual desta população com este tipo de ocupação somou 26,1% no primeiro trimestre deste ano. Em 2014, somava 24,9%.

O IBGE destacou ainda que havia no terceiro trimestre deste ano 1,8 milhão de ambulantes no país. Deste total, 1,2 milhão eram negros ou pardos, o que representa 66,7% do total.

A distribuição percentual dos trabalhadores entre grupos de atividades mostra que 8,5% do total de negros e pardos ocupados no país atuavam com serviços domésticos, enquanto 5% do total da população branca ocupada atuava na mesma área. Em contrapartida, do total de brancos ocupados no país, 19,2% estavam na administração pública, contra 15,6% representados por pretos e pardos. *Com informações do G1  Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil