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A alegação do Facebook para o bloqueio foi que a política da rede não permite “Nudez ou outro conteúdo de sugestão sexual”. Caetano Veloso comentou o episódio em sua conta no Instagram. Veja aqui.
Da Redação
O jornalista e colunista de cultura da Fórum, Julinho Bittencourt, teve a sua conta no Facebook bloqueada após postar a capa original do disco “Jóia”, de Caetano Veloso. A capa, que foi censurada pela ditadura em 1975, traz o artista, sua esposa na época, Dedé Veloso, e o filho Moreno, ainda criança, todos nus.
Na legenda da postagem, o repórter escreveu “Vai MBL, pega o Caetano, pega”.
A alegação do Facebook para o bloqueio foi que a política da rede não permite “nudez ou outro conteúdo de sugestão sexual”.
A intenção ao fazer a postagem, segundo o jornalista, foi se contrapor à onda de histeria e perseguição à várias obras de arte que ocorreram nas últimas semanas, sobretudo a polêmica em torno da performance do artista Wagner Schwartz no MAM (Museu de Arte Moderna). “O que está acontecendo é um assombro. Estamos de volta a velhas discussões de 40, 50 anos atrás. Ai vem o Facebook e confirma isso. Há neste caso um grande paradoxo. A maior rede social do mundo, um ícone de modernidade, se comporta dessa forma arcaica, velha”, desabafou.
Caetano Veloso comentou o episódio em sua página no Instagram. Veja a postagem abaixo:
Uma “Jóia” de Caetano
O disco “Jóia”, lançado em 1975 – há 42 anos – teve esta mesma capa censurada pela ditadura. A capa frontal trazia originalmente um desenho da família sem roupas. O pênis de Caetano aparece coberto por pássaros.
Já na contracapa, imagem postada por Bittencourt, o disco trazia a foto da família sem roupa.
Para conseguir a liberação da censura, a foto da contracapa foi retirada e, na capa, sobraram apenas os pássaros.
“Jóia” foi o primeiro disco de Caetano assim que voltou do exílio, em Londres. Considerado por muitos como um dos seus melhores álbuns, o disco tem uma linguagem nova, ousada, canções curtas com melodias que evocam desde cantos indígenas até Beatles. Muitas de suas letras têm como referência a poesia concreta.
Um dos grandes exemplos é uma linda letra para a melodia “Pipoca Moderna”, dos irmãos Biano, da Banda de Pífanos de Caruaru. Um inesquecível encontro do Brasil profundo com o Brasil contemporâneo.