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No Rio de Janeiro, depois de uma reunião com o chefe da pasta, Wagner Victer, estudantes decidiram manter a ocupação da Secretaria de Educação, que já dura seis dias
Por Sarah Fernandes da RBA
Por aumento da verba repassada para merenda, melhorias de infraestrutura e o fim de editais que permitem parcerias privadas na educação, estudantes do Mato Grosso, do Ceará e do Rio Grande do Sul mantêm 275 escolas estaduais ocupadas há mais de duas semanas. No Rio de Janeiro, estudantes decidiram hoje (6) manter a ocupação da Secretaria Estadual de Educação depois de uma tentativa fracassada de negociação com o chefe da pasta, Wagner Victer.
Só no Rio Grande do Sul são 186 escolas ocupadas. “Estamos lutando contra a precarização das escolas. A grande maioria tem problemas de estrutura. Em algumas, chega a chover dentro do prédio”, conta o estudante Sérgio Campos, presidente do grêmio da escola Paulo Soares. “Também reivindicamos o aumento do repasse estadual para a merenda, que hoje é de apenas R$ 0,27, eleições para direção e contratação de profissionais. Faltam professores e coordenadores.”
Além disso, os estudantes protestam contra um projeto do governo estadual, que está em tramitação na Assembleia Legislativa gaúcha, que permite que organizações sociais assumam a gestão de equipamentos públicos ligados à educação, saúde, meio ambiente e esporte.
A mobilização dos alunos é apoiada pelos professores, que pressionam o governo por um reajuste de 24,5%, acumulado nos últimos anos. No estado, os docentes recebem 30% do piso salarial nacional para a categoria, calculado em R$ 2.243. “O governo mandou para a assembleia a Lei de Diretrizes Orçamentárias com 0% de reajuste para a categoria. Será o terceiro ano sem reajustes”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Sul (CPERS), Helenir Shürer.
No Ceará, 66 escolas estaduais continuam ocupadas por estudantes, que também reivindicam aumento do repasse de verba para a merenda. Uma nota técnica do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) do Ceará comprovou que o governo estadual não tem repassado para a escola os R$ 0,31 por refeição/por aluno, encaminhados pelo governo federal. No ano passado, o estado repassou em média R$ 0,18 centavos por aluno da verba federal para merenda, segundo a instituição.
Além disso, os alunos cearenses exigem reformas estruturais nas escolas, melhorias nos laboratórios de informática e construção de quadras poliesportivas.
Seguindo a resistência, estudantes mantêm ocupadas 23 escolas do Mato Grosso. Uma das principais reivindicações é que o governo estadual revogue o edital já publicado que permite parcerias público-privadas oferecer alguns serviços considerados “não pedagógicos”, como o preparo da merenda, serviços de manutenção e limpeza e vigilância. “Assim, teremos investimento privado naquilo que é público. Além disso, acreditamos que a partir do momento que o profissional trabalha na escola, ele já é parte do projeto político-pedagógico”, disse o presidente da Associação Matogrossense de Estudantes Secundaristas, Juarez França.
Os estudantes reivindicam também a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar um suposto superfaturamento na contratação de obras de infraestrutura pela Secretaria de Educação do Mato Grosso, de R$ 56 milhões, e na compra de merenda escolar, de pelo menos R$ 11 milhões.