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Manifestantes se reuniram em Brasília para lembrar o atraso do julgamento do fim do financiamento empresarial de campanhas políticas; há um ano, o ministro Gilmar Mendes impede o andamento do processo
Por Maíra Streit, de Brasília
Manifestantes se reuniram em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (1), em Brasília, para protestar contra o atraso do julgamento do fim do financiamento empresarial de campanhas políticas. O ato teve como objetivo promover um escracho contra o ministro Gilmar Mendes, que, há um ano, suspendeu o processo ao pedir vistas à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650. De acordo com as normas do próprio Tribunal, ele já deveria ter devolvido os autos há mais de 300 dias. Faixas, cartazes e bonecos de Mendes ao lado de sacos de dinheiro foram algumas das formas encontradas pelos ativistas para chamar a atenção do público.
O escracho foi organizado por grupos como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Marcha Mundial de Mulheres e o Levante Popular da Juventude. Para a representante do Comitê do Plebiscito Constituinte do DF, Mayrá Lima, também à frente da coordenação do evento, a ADI contribui como uma ferramenta importante no combate à corrupção, pois evita o poder de influência do empresariado nas decisões políticas.
Ela considera que a ação promovida hoje na capital federal foi simbólica por mostrar o descontentamento da população diante do impasse causado por Mendes. “Na nossa avaliação, foi um evento bom e que soma com os que devem acontecer em outras cidades. É uma denúncia contra a clara manobra do ministro Gilmar Mendes, que beneficia o poder econômico e é uma porta aberta para a corrupção. Vamos à raiz do problema. Não é possível que um ministro consiga emperrar uma transformação como essa no país. É a concretização do lobby empresarial em torno da política brasileira e que também consegue chegar ao Judiciário”, afirmou.
No STF, a ADI já havia obtido 6 votos favoráveis e apenas 1 contrário quando Gilmar Mendes pediu vistas. Na opinião dos organizadores do protesto, trata-se de uma medida para engavetar a proposta, em conluio com setores conservadores do Congresso Nacional, liderados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Para eles, seria uma maneira de impedir a votação da ADI até conseguirem aprovar o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 352/13 e, assim, constitucionalizar o financiamento empresarial. Atos como o que houve nesta tarde em frente ao STF devem seguir em outras capitais do país na quinta-feira (2) para intensificar a pressão diante do fato. Nas redes sociais, internautas participam da causa utilizando a hashtag ?#?DevolveGilmar?.
Fotos: Reprodução/Facebook