No mesmo mês em que a situação aconteceu, a Justiça determinou que a emissora retirasse de circulação o trecho do programa em que é feito comentário, sob pena multa de R$ 5 mil por cada dia em que o vídeo ficasse disponível. Desde então, Gentili recorreu duas vezes, tendo seus recursos negados.
"Estou na torcida", disse Michele à Fórum. "O que ele fez para mim foi horrível. Não perdôo o que fez comigo, o que me disse." A pernambucana relata que sempre doou leite – em onze meses, chegou a ceder 417 litros, quebrando um recorde mundial –, e que viajava por conta própria cerca de 80 km junto ao companheiro, o professor Ederval Trajano, para levar o leite de Quipapá, cidade onde vivia, na Zona da Mata de Pernambuco, até a maternidade Jesus Nazareno, em Caruaru.
Após ter sido vítima da chacota de Gentili, Michele fez mais algumas doações e parou. "Quando vi as imagens, fiquei pasma. Aí uma das mamas secou. Até hoje, só amamento com uma [ela tem uma filha de dois anos]. E era a mama que dava mais dava leite", afirma.
À época, ela e sua família precisaram deixar Quipapá por conta das ofensas que passou a sofrer nas ruas da cidade. "Não queria sair de casa, precisei de um tratamento psicológico por causa disso. Eu era uma pessoa que ninguém conhecia na cidade e, de repente, minha foto aparece na televisão", relembra. Passaram um tempo em Recife e hoje residem em Jaboatão dos Guararapes, localizada na região metropolitana da capital.
Para a pernambucana, as "brincadeiras" do humorista atingiram não apenas a sua figura, mas desencorajaram outras mulheres que pensavam em doar leite materno. "Ele não sabe o valor do aleitamento. Nunca precisou, ou nunca teve esse ato de amor com a mãe dele", argumenta. "Só vê a mulher como um símbolo sexual, não como uma doadora, como um ser decente", coloca, ressaltando o caráter machista da comparação a que foi submetida, em rede nacional.