Acuado, Alckmin anuncia suspensão de plano de "reorganização escolar"

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No mesmo dia em que o Datafolha divulgou uma pesquisa em que a sua rejeição é recorde e depois de enfrentar uma onda de protestos, governador recua e anuncia que vai dialogar com a comunidade escolar a partir do ano que vem para decidir sobre fechamento de unidades educacionais e escolas de ciclo único Por Redação O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou, na tarde desta sexta-feira (4), a suspensão do plano de "reorganização escolar" que havia divulgado no fim de setembro. Em um pronunciamento à imprensa, no Palácio dos Bandeirantes,  no início da tarde, o tucano afirmou que os alunos continuarão nas escolas em que estudam em 2016. "Será o ano de aprofundar o diálogo", afirmou. O governador não respondeu às perguntas dos jornalistas após sua fala. A falta de diálogo era uma das principais críticas ao projeto. A suspensão do plano ocorre em meio a seguidos dias de protestos, fortemente reprimidos pela Polícia Militar. Hoje, as manifestações se concentraram na Avenida Paulista e na Praça da República, no centro da capital, em frente à Secretaria de Educação do Estado. No momento, o total de escolas ocupadas em São Paulo é de 196. Não é possível afirmar que o anúncio vai encerrar as manifestações. Em frente à Secretaria da Educação, os manifestantes se dividiram entre os que comemoravam o anúncio como uma vitória e outros que defendiam a continuação dos protestos. Nesta manhã, a Folha de S. Paulo divulgou que a popularidade de Alckmin atingiu o menor patamar em seus quatro mandatos. Pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26 de novembro indica que apenas 28% do eleitorado paulista veem o desempenho do tucano como ótimo ou bom. A reprovação também é recorde: 30% dos entrevistados classificam a atuação do governador como ruim ou péssima. Na quinta-feira (3), o Ministério Público estadual e a Defensoria Pública do Estado ingressaram com ação civil pública no Tribunal de Justiça de São Paulo com pedido de liminar, em caráter de urgência, para suspender o processo de reorganização imposto por Alckmin. O argumento é de que o processo de elaboração do projeto não foi democrático, ocorreu à revelia de avaliações de especialistas das principais universidades do estado e desrespeitou a Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Alckmin também acumulou derrotas na Justiça quando tentou a reintegração de posse das escolas. A maioria dos juízes e desembargadores sustentou que não havia "esbulho possessório" na disputa e sim uma manifestação contra uma decisão do governo que afetava a vida dos manifestantes. O plano de reestruturação e a forma como foi anunciado foram alvo de críticas de intelectuais e especialistas em Educação. No começo das ocupações, o governador chegou a ironizar os estudantes. Em uma entrevista, ele afirmou que "ninguém era de ferro" e que o fim de semana estava chegando. Publicado em decreto, o plano de reorganização prevê que 754 escolas passem a contar com apenas um ciclo de ensino em 2016. (Foto: O Mal Educado)