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Matéria sugere "acúmulo de funções" por parte de Thiago Melo e questiona trabalho de assistência jurídica desenvolvido em ONG de defesa dos direitos humanos
Por Redação
[caption id="attachment_42039" align="alignleft" width="360"] Assessor de Freixo diz que não há conflito de interesses: "Essa é uma prerrogativa profissional minha" (Foto: Reprodução/ Facebook)[/caption]
Matéria publicada nesta terça-feira (11) pelo jornal O Globo afirma que um "assessor do deputado Marcelo Freixo ajuda presos em protestos". O personagem em questão é Thiago de Souza Melo, integrante da equipe do parlamentar do PSOL.
Além de ser funcionário do gabinete de Freixo, Thiago, que é advogado, colabora gratuitamente com o Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (DDH). Desde junho de 2013, quando as manifestações tomaram as ruas do país, a ONG presta assistência jurídica a pessoas detidas durante os protestos, detenções muitas vezes realizadas de forma arbitrária e ilegal. Criado em 2007, após a Chacina do Alemão, quando 19 pessoas foram executadas pela Polícia Militar, desde então o DDH atua em casos em que há violação de direitos humanos.
A reportagem do jornal carioca fala sobre a relação entre Thiago e Freixo - informando desde quando trabalham juntos, o que faz e quanto ganha o advogado. Mas o foco é a "dupla atuação" profissional que ele teria. O texto traz, inclusive, fala do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Paulo Melo (PMDB-RJ), na qual critica o que chama de "acúmulo de funções". "Não é recomendável que uma pessoa que exerça cargo público e ganhe dinheiro com isso defenda pessoas, em muitos casos, acusadas de depredar esse patrimônio", declarou.
Logo após a divulgação da matéria, Marcelo Freixo se manifestou em sua página no Facebook. Para ele, o jornal foi oportunista e usou o caso a favor de seus interesses políticos. "Apesar de o vínculo do advogado Thiago Melo ao DDH ser legítimo e legal, ele serve ao jornal O Globo como arma da campanha difamatória que começou após a apresentação de Fábio Raposo à 17ª DP (São Cristóvão), no domingo (09/02)", escreveu. O deputado defendeu a integridade de seu assessor. "É um excelente profissional e tem todo o direito de exercer a advocacia onde achar justo".
Em entrevista à Fórum, Thiago afirmou que não há conflito de interesses. "Enquanto advogado, não vejo qualquer contradição em praticar minha profissão como assessor parlamentar no mandato de um defensor dos direitos humanos e, ao mesmo tempo, estar trabalhando em projetos que defendem a liberdade de expressão, como o DDH. Essa é uma prerrogativa profissional minha", explicou. Ele conhece Freixo desde os tempos de militante estudantil no Centro Acadêmico Evaristo da Veiga, da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde se graduou em Direito, mas atua diretamente com o deputado desde 2007.
O advogado mencionou, ainda, que os ataques feitos pela imprensa não apenas a ele, mas a todos os seus colegas que trabalham em prol da liberdade de expressão, são uma estratégia para esvaziar as manifestações. "No Rio de Janeiro, há uma tentativa de manipulação de problemas justamente para esvaziar as ruas. Acho que o fundamental hoje é a advocacia reagir a isso, se afirmar, como sempre se afirmou historicamente, como defensora dos princípios democráticos e da prerrogativa profissional", apontou.
Acusações infundadas
Na domingo (9), O Globo publicou reportagem que sugeria ligação entre Freixo e os jovens responsáveis pelo lançamento do rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes. O jornal afirmava que, em ligação a Jonas Tadeu Nunes, advogado de Fábio Raposo, um dos acusados, a ativista Elisa de Quadros Pinto Sanzi conhecida como Sininho, afirmou que o responsável por acender o rojão que matou Santiago Andrade era ligado a Freixo, o que não se provou.
Freixo negou o fato e lembrou que Nunes representou o ex-deputado Natalino Guimarães durante a CPI das Milícias, em 2008. Depois disso, o advogado voltou atrás e se desculpou publicamente, dizendo ter sido "inconsequente" ao entregar à repórter da TV Globo um termo que acusa envolvimento de Freixo com os manifestantes. Nunes ainda criticou a ativista por mencionar o nome do deputado em conversa por telefone.