Em encontro com blogueiros, ministro da Saúde afirmou que o Mais Médicos possui segurança jurídica e que com o tempo as entidades médicas vão entender o espírito do programa
Por Felipe Rousselet
Neste sábado, 24, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou de um encontro com blogueiros para discutir questões relacionadas ao Programa Mais Médicos, que tem o objetivo de levar médicos, brasileiros ou estrangeiros, aos municípios que sofrem com a falta destes profissionais. Durante o encontro, o ministro fez questão de ressaltar que o programa não é contra os profissionais brasileiros.
“Não podemos reforçar um certo movimento que diz que o Programa Mais Médicos é contra os médicos. Se eu quisesse ser contra os médicos, eu diria que sobram médicos no Brasil e eles não vão para as áreas mais pobres. Nós estamos falando exatamente o contrário. Faltam médicos no nosso país”, defendeu Padilha.
Sobre as reações negativas de entidades médicas à vinda de médicos estrangeiros ao país por meio do programa, o ministro enumerou quatro razões para as críticas: o preconceito, seja ele político partidário, ideológico ou xenófobo, assim como o receio da comparação; a preocupação de que não se passe para a sociedade que o problema da saúde são os médicos o que, segundo o ministro, não corresponde a realidade; a preocupação com o atendimento oferecido; e por fim a mentalidade de que saúde de qualidade é apenas oferecer medicina especializada, menosprezando os benefícios da medicina preventiva e de atendimento básico que, segundo Padilha, pode evitar 80% das doenças.
O ministro afirmou acreditar que com o passar do tempo as entidades de classe vão entender o espírito do programa, assim como aconteceu em outros países que recorreram à estratégia de atrair médicos estrangeiros para sanar demandas de regiões que sofrem com a falta destes profissionais.
Questionado sobre a declaração do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, João Batista Gomes Soares, que afirmou ao jornal Estado de Minas que irá denunciar medicos cubanos por exercício ilegal da profissão e que irá orientar os profissionais vinculados a entidade que preside a não socorrerem erros dos colegas cubanos, Padilha afirmou que o programa Mais Médicos foi elaborado com toda segurança jurídica necessária para os profissionais contratados e para o Ministério da Saúde.
Com relação a orientação para que os médicos da rede pública de Minas Gerais não socorram erros dos profissionais cubanos, Padilha lamentou a declaração do presidente do CRM/MG.
“Eu lamento estas declarações. Não sei em que código de ética médica essa pessoa se baseou para fazer essa entrevista e orientar seus colegas médicos de Minas Gerais a não socorrer as pessoas. Não sei em que código de ética médica isso se estabelece. Certamente não foi o juramento que todo médico tem que fazer no final do seu curso e nem no código de ética do Conselho Federal de Medicina. Não acredito na hipótese de que um médico que jurou a Hipócrates e tem compromisso com a vida se negar a atender qualquer pessoa, em qualquer hipótese”, declarou o ministro.
Padilha destacou que o programa Mais Médicos prevê quatro grandes ações para melhorar a saúde no país: melhoria em infraestrutura a partir de um investimento de R$ 12,9 bilhões até 2014; expansão do número de vagas em cursos de medicina, com 11.447 novas vagas na graduação e 12.327 em residência médica até 2017; aprimoramento da formação médica por meio da experiência prática do aluno no SUS; e, por fim, a chamada imediata de médicos para regiões carentes de profissionais.
Padilha defendeu que, mesmo em locais onde a estrutura não é a ideal, o médico faz a diferença. “O médico junto ao paciente, a comunidade, em qualquer situação, faz a diferença. Não se faz saúde sem médico e muitos municípios não têm sequer um profissional para atender a população”.
Veja a íntegra do encontro do ministro Alexandre Padilha com blogueiros.