Com a eleição de Roberto Azevedo para a direção da OMC, esta é a segunda vitória da diplomacia brasileira em menos de 30 dias
Da Redação
[caption id="attachment_24790" align="alignleft" width="300"] Ex-ministro Paulo Vannuchi é um dos novos membros da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Foto: Elza Fiúza/ABr)[/caption]O ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foi eleito para integrar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA (Organização dos Estados Americanos), na noite desta quarta-feira (6). Além de Vannuchi, também foram eleitos o estadunidense James Cavallaro e o mexicano Jesús Orozco Henríquez. Os três novos membros da Comissão vão cumprir o mandato de 2014 a 2017.
"Essa vitória é de muita importância, pois reforça a participação do Brasil nas discussões de Direitos Humanos do nosso continente", afirmou a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Com a vitória de Roberto Azevedo na OMC (Organização Mundial do Comércio), a eleição de Vannuchi representa a segunda vitória da diplomacia brasileira em menos de 30 dias.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é uma das entidades do sistema interamericano de proteção e promoção dos direitos humanos nas Américas e é formada por sete membros. Sua sede fica em Washington, nos Estados Unidos.
De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e com o Estatuto da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, os comissários são eleitos em nome próprio e não do seu país. Isso significa que Vannuchi não exercerá suas funções de comissário como representante do Brasil. Para garantir a imparcialidade no trabalho da Comissão, seus membros não julgam os casos referentes aos seus países. Assim, se houver uma situação envolvendo o Brasil, Vannuchi não analisará o processo.
Histórico
Paulo Vannuchi, formado em jornalismo e mestre em ciência política, é conhecido pela sua atuação em defesa dos direitos humanos e por sua participação na resistência à ditadura, quando foi preso pelo regime militar. Em 1975, foi um dos organizadores do dossiê, entregue à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), sobre violações de direitos humanos e outros crimes cometidos pela ditadura militar, mencionando inclusive 233 nomes de torturadores, detalhando os métodos utilizados e citando as unidades onde as torturas aconteciam.
Já na fase final do regime militar, Vannuchi participou da elaboração do livro Brasil Nunca Mais, coordenado por dom Paulo Evaristo Arns, que com base em processos movidos pelo regime contra presos políticos revelou a identidade daqueles que violaram direitos humanos e a prática recorrente de torturas.
Entre 1977 a 1985, Vannuchi trabalhou em diversas organizações sociais e de direitos humanos, como a Comissão Pastoral da Terra, a Pastoral Operária e as Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica. Em 1986, foi um dos deputados federais que fizeram parte da Assembleia Nacional Constituinte. Em 1994, foi o secretário executivo da Coordenação Nacional da campanha de Lula à Presidência da República.
Entre 2005 e 2011, durante o governo do ex-presidente Lula, Vannuchi esteve à frente da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.