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Para Luiza Mandetta, liderança do Movimento Passe Livre, objetivo é reverter a lógica que trata o transporte como produto
Por Igor Carvalho
[caption id="attachment_25685" align="alignleft" width="300"] Manifestantes acreditam que o número de 65 mil pessoas não é razoável, teriam sido pelo menos 100 mil (Foto: Mídia Ninja)[/caption]
Depois da noite histórica da última segunda-feira (17), quando pelos menos 235 mil pessoas saíram às ruas pelo Brasil, setores da mídia tradicional passaram a divulgar e até mesmo "sugerir" novas pautas e reivindicações para os protestos, que originalmente surgiram para barrar o aumento da tarifa do transporte público.
Em entrevista à Fórum, Luiza Mandetta, integrante do Movimento Passe Livre (MPL) de São Paulo, reafirmou o compromisso com a pauta originária do movimento, que é o valor cobrado no transporte coletivo em São Paulo. "Não queremos e não vamos permitir que parasitem a nossa pauta."
Fórum - Depois dos protestos de ontem, muito se falou nas redes sociais e se propagou por setores da mídia que as pautas de vocês são mais amplas, passando por temas como aumento da inflação, votação da PEC 37 e até impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Isso é verdade?
Luiza Mandetta - Não, não tem nada disso. Estamos na rua para barrar o aumento, para que a passagem retorne aos R$ 3. Esse negócio de colocar várias pautas e tentar pautar o movimento não nos agrada. Tem muita gente querendo colocar a própria pauta nos atos, e tentamos combater isso porque é um risco para nós. Não queremos e não vamos permitir que parasitem a nossa pauta e que as coloquem no meio, justamente agora que a manifestação está gigante.
Fórum - Se conseguirem barrar o aumento, o próximo passo pode ser requerer a gratuidade na passagem?
Luiza Mandetta - A gente tem um projeto que se chama Tarifa Zero, que na verdade é um projeto de lei de iniciativa popular que precisa da assinatura de 0,5% do eleitorado para ser colocado em pauta na Câmara. Da forma que está estruturado o transporte público, o aumento ocorrerá ano que vem da mesma forma. Queremos evitar isso, reverter essa lógica que trata o transporte como produto.
Fórum - Muitos entendem que o prefeito Fernando Haddad tem sido mais visado do que o governador Geraldo Alckmin. Isso existe? É intencional?
Luiza Mandetta - Não, isso também não é verdade. A pressão existe para os dois, da mesma forma. No caso do ônibus, é um aumento que precisa ser revogado pelo Haddad, que foi eleito com o discurso de fazer uma prefeitura com diálogo, mas ele não está dialogando, está sendo intransigente e não senta com a gente. Nos chamar para o Conselho da Cidade foi uma enrolação, não é um espaço de deliberação, mas fomos lá. Queremos conversar direito. O Alckmin é pior, nem se demonstra interessado em negociar, e a pressão é sobre ele também, queremos que o aumento do preço do metrô e do trem seja revogado.
Fórum - Chamar o ato para hoje, logo depois de um ato histórico, não corre o risco de esvaziar o protesto e passar uma imagem de desgaste do movimento?
Luiza Mandetta - Olha, acho que não foi e nem será um problema. Hoje teremos 20 ou 30 mil nas ruas, provavelmente não será como ontem, mas temos que exercer essa pressão constante. Vamos continuar nas ruas até que a passagem volte ao preço de R$ 3.