Brasil: quase metade dos trabalhadores não se desliga do trabalho no tempo livre

Segundo levantamento do Ipea, 45,6% dos trabalhadores não conseguem se desligar totalmente do trabalho mesmo fora do horário da jornada

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Segundo levantamento do Ipea,  45,6% dos trabalhadores não conseguem se desligar totalmente do trabalho mesmo fora do horário da jornada

Por Redação (Foto por http://www.flickr.com/photos/spadgy/)

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou hoje o relatório de Percepção dos trabalhadores sobre intensidade e exigências no ambiente de trabalho. Entre os dados do levantamento, que ouviu 3.709 pessoas no país, alguns dizem respeito à relação dos trabalhadores com sua atividade laboral quando ele está fora do tempo da jornada e do ambiente de trabalho. E quase a metade, 45,6%, afirmou que não consegue se desligar totalmente do trabalho mesmo no seu tempo livre.

A revista Fórum já publicou matéria sobre a relação entre intensificação do trablho e a introdução de novas tecnologias (leia aqui), e os dados do Ipea trazem dados concretos que ainda são raros no Brasil. Entre os 45,6% que não se desligam da atividade laboral em seu tempo livre, 26% do total ficam de prontidão, pois podem ser acionados para alguma atividade relacionada ao trabalho, enquanto outros 8% afirmaram que usam parte do seu tempo fora da jornada para planejar ou desenvolver atividades referentes ao trabalho via computador ou celular. No caso dos que ficam de prontidão, a maior proporção está entre os autônomos; já no segundo caso, a maior proporção está entre os subordinados formais e informais.

Além desses, 7,3% afirmaram procurar aprender coisas sobre seu trabalho, o que aponta um comprometimento do tempo livre em decorrência de sua atividade laboral, e 4,3% realizam outro trabalho remunerado. Entre os demais entrevistados, 54,4% disseram conseguir se desligar totalmente da atividade laboral quando estão fora de suas jornadas.

O relatório evidencia uma contradição no que diz respeito ao novo papel desempenhado pela introdução dos novos equipamentos de comunicação e informática no ambiente de trabalho. Apenas uma pequena parcela (1,2%) afirma achar ruim tal inserção por fazê-los exercer alguma atividade referente ao trabalho em seu tempo livre. “Isso mostra que os novos equipamentos de comunicação e informática possuem relevante contribuição no aumento da intensidade do trabalho, mas essa questão ainda não é vista como um problema, ou então não se construiu entre os trabalhadores um vínculo direto entre o aumento da intensidade e tais equipamentos, ou seja, eles podem estar encarando essa intensidade como advinda da própria natureza e necessidade do trabalho”, afirma o relatório.

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