O Brasil é co-responsável por essa fuga e co-partícipe da repressão, por quanto mantém tropas de ocupação naquele país assolado por catrástrofes naturais e por governos irresponsáveis e saqueadores.
Por Lindomar Padilha
Por esses tempos de pouco pirão, os senadores Aníbal Diniz, Jorge Viana, o Governador Tião Viana e o Secretário de Direitos Humanos (ex muitas vezes Deputado Federal) Nilson Mourão, desencadearam uma cruzada pregando sobre a "incômoda" presença de haitianos no Brasil, notadamente em solo acreano, lógico.
Inúmeras conversas foram tratadas com a presidente Dilma, mas ninguém teve coragem de questionar a acupação que o Brasil faz ao Haiti. Já em 2007, o Conselho da OAB havia chamado a atenção para o que na fala do Sr. Anderson Bussinger é externado da seguinte forma:
"A Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, "é uma força de ocupação, e não humanitária, que está validando os abusos de direitos humanos no país caribenho e contribuindo para um estado de permanente repressão".
"Os haitianos adoram o Brasil, mas eles ficam perplexos que o Brasil esteja fazendo esse papel lá."
De 2007 para cá, o que melhorou para os haitianos? A fuga em massa dos haitianos tem tudo a ver com a presença militar do Brasil naquele país. O Brasil é co-responsável por essa fuga e co-partícipe da repressão, por quanto mantém tropas de ocupação naquele país assolado por catrástrofes naturais e por governos irresponsáveis e saqueadores que contam com apoio das Nações Unidas.
Não nos iludamos, a preocupação não é dar dignidade aos haitianos, mas impedir que entrem no país. Talvez os haitianos estejam inaugurando um período doloroso de povos inteiros em fuga por causa dos fenômenos extremos e a consequente fome. Ao mesmo tempo, o Brasil insiste em grandes obras que impactam diretamente nas mudanças climáticas, como é o caso de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, entre outras megalomanias. Isso sem falar na concessão de florestas públicas e o famigerado projeto de exploração de petróleo e gás na floresta amazônica, especialmente no Acre.
Notamos claramente que o projeto prevê o descarte de seres humanos em previlégio dos detentores do poder. Os mesmos que dizem clamar por "ajuda humanitária" defendem a ocupação do Haiti, bem como projetos genocidas em sua origem. Aliás, publiquei ontem neste blog a denúncia de que indígenas em situação de isolamento estão sendo atingidos pelas obras das hidrelétricas do Madeira. Seria o caso de esses indígenas adquirirem um visto também para garantirem o direito à vida?
Visto, esta é a palavra. Quem concederá o visto? Daqui a pouco todos nós que estamos fora do poder, teremos que ter vistos. Mais vistos ainda. Visto para se declarar cidadão/cidadã, visto para entrar na cidade do poder (Brasília), visto para entrar nos hospitais públicos, visto, visto, visto. Sempre vistos que eles nos darão, ou não.
A ocupação militar que o Brasil impõe e lidera no Haiti é uma vergonha. Assim também é vergonhoso o Brasil intervir junto aos Governos do Peru e Bolívia para exigir desses um "controle" da entrada de haitianos no Brasil. Toda essa situação precisa ser melhor esclarecida ao povo brasileiro e, principalmente, aos acreanos que, na sua maioria entende que a situação dos haitianos precisa é de ajuda humanitária e não de repressão.