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O livro pretende contribuir com algumas reflexões sobre o modelo de política de segurança que vem sendo adotado no estado e traz inovadoras análises sobre a crescente atuação de grupos criminosos
Por Redação
Segurança, Tráfico e Milícias no Rio de Janeiro é uma publicação de iniciativa da Justiça Global, com o apoio da Fundação Heinrich Böll, e que conta com a contribuição de diversas organizações da sociedade civil e de acadêmicos. O livro pretende contribuir com algumas reflexões sobre o modelo de política de segurança que vem sendo adotado no estado e traz inovadoras análises sobre a crescente atuação de grupos criminosos.
A publicação apresenta um estudo exploratório sobre as milícias e cinco artigos que trazem para o primeiro plano, através de diversas perspectivas, questões cruciais para o debate atual da segurança pública no Rio de Janeiro. São analisados o processo de mudança na economia política do crime, as disputas de território entre o tráfico de drogas e os seus modos de coerção, a expansão das milícias e do seu braço político no Estado, a intensificação da violência de Estado e um acentuado processo de privatização da segurança pública.
A pesquisa Seis por Meia Dúzia?: um estudo exploratório do fenômeno das chamadas “Milícias” no Rio de Janeiro, de autoria do professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência (LAV-UERJ) com colaboração da Justiça Global, realiza uma minuciosa reflexão do fenômeno das milícias na cidade do Rio de Janeiro. Com base em um farto levantamento de dados - notícias da imprensa, informações do serviço de “disque-denúncia” e entrevistas com pessoas que moram em comunidades dominadas por milícias - a pesquisa evidencia o modus operandi desses grupos armados, a sua extensão no poder político local e a sua abrangência territorial na cidade.
Os dados do disque-denúncia revelam que entre janeiro 2006 e abril de 2008, foram registrados 1.549 denúncias de extorsão em áreas dominadas por milícias e mais de 500 acusações de homicídios, o que confirma a natureza violenta desses grupos e o tipo de dominação que estabelecem. A milícia simboliza a falência completa de um estado que é incapaz de controlar a conduta dos seus próprios agentes. O miliciano adquire uma identidade esquizofrênica ao agir privadamente em função da sua condição pública, representando, assim, a face mais perversa do processo de privatização da segurança pública.
A manutenção do controle exercido pelo tráfico e, agora, a rápida expansão das milícias em áreas pobres da cidade – aliadas ao aumento do número de execuções praticadas por agentes do Estado – são provas contundentes da falência do modelo de segurança adotado pelo Estado do Rio de Janeiro, que se baseia exclusivamente em uma “política de enfrentamento”, com uma clara opção por medidas repressivas e pela difusão da violência estatal.
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