O veganismo e o vegetarianismo sempre estão cercados de estigmas e concepções divergentes da representação que o movimento busca realizar na sociedade. Muito mais do que defender a qualidade de vida animal, se adaptar a essa dieta também significa estabelecer uma atitude individual perante a degradação ambiental.
No entanto, um problema que diversas pessoas que adotam essa forma de levar a vida enfrentam é a "gourmetização" e a falsa ideia de que manter uma dieta sem alimentos de origem animal é inacessível.
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As pessoas que fazem parte do movimento costumam pautar a importância de agricultores familiares, produtos orgânicos e uma alimentação mais saudável, frente à quantidade de produtos industrializados que são comercializados e consumidos pelo público em geral.
Além disso, um dos alimentos mais caros na mesa de almoço e de jantar é justamente a carne – que também contribui para o desmatamento de florestas, como a amazônica, e deteriora solos e biomas, em função do alto consumo incentivado por diversos setores, como franquias de fast-food, por exemplo.
Este estilo de vida acabou por se tornar uma contracultura, ou seja, questiona um comportamento social enraizado como "natural". Com isso, as empresas perceberam o potencial da discussão e se apropriaram dela.
Desde então, diversos produtos superfaturados, como carnes, leites e queijos sem origem animal começaram a aparecer nas prateleiras dos mercados. Da noite para o dia, a estratégia de marketing e publicidade de capitalizar o questionamento contracultural ganhou espaço.
Gabriela Molina, estudante de jornalismo na Universidade Federal do Pampa e vegetariana há mais de 7 anos, conta que a sua experiência fazendo parte do vegetarianismo é cheia de complicações externas.
"[...] Minha maior dificuldade [...] é o superfaturamento. Por morar em uma cidade pequena, as opções de restaurantes são escassas e acabam sendo muito caras. A questão não para aí, pois os restaurantes não sabem preparar comida vegetariana saborosa, ou seja, você paga caro em algo mediano ou ruim", conta ela.
O símbolo "cruelty free" em produtos de higiene, beleza e moda, se tornaram uma oportunidade para aumentar o preço, a oferta e a demanda das empresas. Enquanto isso, a preocupação principal do movimento – preservação do meio ambiente, alimentação de qualidade para todos e sem crueldade – foi posta "debaixo do tapete".
Algumas pessoas que se identificam com a causa iniciaram canais no YouTube, podcasts e mídias sociais para tentarem resgatar a essência do movimento vegano e vegetariano e desmistificar essa confusão causada não só pela indústria da carne, como pelo capitalismo em geral.
O perfil Vegano da Periferia, administrado pelos irmãos gêmeos Leonardo dos Santos e Eduardo dos Santos, conscientiza sobre a problemática política e rebate as principais dúvidas das pessoas em torno do movimento.
"Acreditamos numa causa acessível para todas e todos. Não importa onde você mora, importa como você pensa", diz o perfil do Instagram.
A youtuber Luisa Motta gerencia o canal "Larica Vegana", onde ensina diversas receitas com ingredientes baratos e fáceis de se encontrar, além de mostrar que também é possível combinar veganismo e vegetarianismo com a praticidade na cozinha.