EUA

Diddy: julgamento por tráfico sexual entra na reta final; ele pode pegar prisão perpétua

Astro do hip-hop é acusado de comandar esquema de abusos com drogas, ameaças e violência ao longo de 20 anos. Caso relembra outras quedas de ícones da música

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Jornalista que atua em Brasília desde 1995, tem experiência em redação, em comunicação corporativa e comunicação pública, em assessoria de imprensa, em produção de conteúdo, campanha política e em coordenação de equipes. Atuou, entre outros locais, no Governo Federal, na Presidência da República e no Ministério da Justiça; no Governo do Distrito Federal, na Secretaria de Comunicação e na Secretaria de Segurança Pública; e no Congresso Nacional, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados e na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).
Diddy: julgamento por tráfico sexual entra na reta final; ele pode pegar prisão perpétua
Diddy: julgamento por tráfico sexual entra na reta final; ele pode pegar prisão perpétua. Astro do hip-hop é acusado de comandar esquema de abusos com drogas, ameaças e violência ao longo de 20 anos. Caso relembra outras quedas de ícones da música. Wikimedia

Nesta terça-feira (24), após seis semanas de julgamento, o governo dos EUA encerrou a apresentação de provas contra o rapper e empresário Sean “Diddy” Combs, de 55 anos.  Acusado de chefiar uma rede de tráfico sexual, prostituição, agressões físicas e psicológicas, ele pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado.

A defesa de Diddy também decidiu não chamar testemunhas nem colocá-lo para depor. A expectativa agora é que os argumentos finais comecem nesta quinta-feira (26), e que o júri inicie as deliberações até o fim da semana.

Diddy está no centro de um dos maiores escândalos da indústria do entretenimento dos Estados Unidos. O caso contra ele reúne dezenas de depoimentos e registros que vão desde 2004 até os anos mais recentes. 

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o astro do hip-hop montou uma verdadeira organização criminosa que usava dinheiro, fama, drogas e violência para atrair, coagir e abusar sexualmente de mulheres.

As denúncias mais graves envolvem os chamados “freak offs” — festas privadas organizadas por Diddy, em que mulheres eram levadas a consumir drogas e forçadas a participar de orgias com acompanhantes masculinos. Muitas vezes, segundo relatos, o próprio Diddy assistia às cenas, filmava ou ameaçava divulgar os vídeos para manter as vítimas sob controle.

Entre as testemunhas do processo estão ex-namoradas do artista, ex-funcionários, agentes da lei e celebridades como o rapper Kid Cudi e a cantora Dawn Richard.

Duas das principais denunciantes são Casandra “Cassie” Ventura, cantora e ex-namorada de Diddy, e uma mulher identificada apenas como “Jane”. Ambas relatam episódios de abuso, controle extremo, ameaças e agressões físicas. Uma terceira vítima, “Mia”, ex-assistente pessoal, afirma ter sido estuprada e espancada pelo artista durante o período em que trabalhou com ele.

Apesar da gravidade dos depoimentos, a defesa de Diddy insiste que as relações eram consensuais e faziam parte de um estilo de vida “liberal e sexualmente aberto”. Os advogados também alegam que não há nenhuma “organização criminosa” envolvida.

O que acontece agora

Com a fase de depoimentos encerrada, os jurados vão ouvir os argumentos finais e, então, se reunir para deliberar. Caso Diddy seja condenado por todos os crimes — que incluem conspiração criminosa, tráfico sexual e aliciamento para prostituição —, ele poderá passar o resto da vida na prisão.

O caso reacende o debate sobre como o poder, o dinheiro e a fama podem ser usados para silenciar vítimas e proteger agressores. Também mostra que, aos poucos, mesmo os nomes mais influentes estão sendo levados a prestar contas diante da justiça.

Quem é Diddy

Sean Combs é um dos nomes mais poderosos da história da música dos EUA. Fundador da gravadora Bad Boy Records, ele lançou artistas como Notorious B.I.G., produziu hits nos anos 1990 e 2000, e acumulou fortuna como empresário do ramo da moda, bebidas e mídia. Por anos, foi visto como símbolo de sucesso negro nos EUA.

Mas sua imagem começou a ruir quando vieram à tona diversas denúncias de agressão e abuso, especialmente após o movimento #MeToo ganhar força.

Em novembro de 2023, Cassie Ventura já havia processado Diddy por estupro e sequestro. O caso foi encerrado com um acordo financeiro, mas abriu a porteira para outras vítimas. Desde então, o artista enfrentou pelo menos cinco novos processos civis, além do atual processo criminal federal.

Relembre outros casos parecidos

O julgamento de Diddy lembra outros episódios recentes em que astros da música ou do entretenimento caíram em desgraça após denúncias de abuso:

  • R. Kelly, cantor de R&B, foi condenado em 2021 a 30 anos de prisão por crimes sexuais contra menores. Ele também mantinha uma rede de controle sobre mulheres.
     
  • Harvey Weinstein, produtor de cinema, foi condenado a 39 anos de prisão por estupro e abuso sexual. Seu caso impulsionou o movimento #MeToo.
     
  • Bill Cosby, comediante e ator, chegou a ser preso por abuso sexual, mas foi libertado por falha processual. Mesmo assim, segue sendo processado por novas vítimas.

Se você ou alguém que você conhece foi vítima de abuso sexual, procure apoio. No Brasil, disque 180 ou procure o serviço de atendimento à mulher mais próximo.

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