Investigação

EXCLUSIVO: Análise pericial revela indícios de falsificação em assinatura atribuída a Ana Hickmann

A apresentadora trava uma batalha na Justiça para provar que teve assinatura falsificada em empréstimo bancário

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Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).
EXCLUSIVO: Análise pericial revela indícios de falsificação em assinatura atribuída a Ana Hickmann
EXCLUSIVO: Análise pericial revela indícios de falsificação em assinatura atribuída a Ana Hickmann. Reprodução/Record

Uma nova análise pericial, produzida por Mario Gazziro — Coordenador do Laboratório de Computação Forense da Universidade Federal do ABC e concedida com exclusividade à Fórum —, trouxe à tona detalhes que reforçam a suspeita de falsificação em uma assinatura atribuída à apresentadora Ana Hickmann.

O caso, que diz respeito a um empréstimo de R$ 730 mil feito junto ao Banco Daycoval, que cobra a dívida que, hoje, com valores atualizados, ultrapassa R$ 1 milhão, já havia ganhado destaque na mídia, envolve a ex-gerente da apresentadora, Claudia Helena dos Santos, acusada de ter falsificado a assinatura de Ana em documentos bancários. As análises grafotécnicas realizadas pelo instituto de perícias Del Pichia e analisadas por Mario Gazziro - junto com sua equipe forense - apontam discrepâncias significativas entre a assinatura original de Ana Hickmann e a suposta falsificação, além de semelhanças gráficas entre a assinatura contestada e a de Claudia. 

A assinatura em questão foi comparada com três exemplares: a assinatura original de Ana Hickmann, a suposta falsificação encontrada no contrato do banco e a assinatura de Claudia. O estudo detalhado revelou que a falsificação não conseguiu reproduzir traços característicos da assinatura de Ana, como a junção do sobrenome e o destaque das letras "A" e "L" (referentes a Ana Lúcia, nome completo da apresentadora). Em contrapartida, a assinatura contestada apresentou traços que remetem à grafia de Claudia, como a abreviação da letra "H", presente em seu nome completo (Claudia Helena dos Santos), mas ausente no nome de Ana Hickmann.

Um dos pontos relevantes da análise é o fenômeno conhecido como gladiolagem, que se refere à tendência da escrita de afunilar em relação à linha de pauta. Esse fenômeno foi claramente observado na assinatura original de Ana Hickmann. No entanto, a assinatura contestada não apresentou esse padrão. A assinatura de Claudia também não apresenta o fenômeno da gladiolagem, por estar sempre paralela à linha de pauta, assim como a assinatura falsificada.

Outro aspecto destacado no laudo é a presença de um duplo laço na parte superior da letra "H" na assinatura contestada, característica que não aparece na assinatura original de Ana, mas que é presente na assinatura de Claudia. Além disso, a análise apontou que o falsificador, ao tentar reproduzir o "A" e o "L" do nome de Ana, inconscientemente trouxe traços de sua própria identidade gráfica, aproximando-se mais do "H" de Claudia do que das iniciais da apresentadora.

O laudo da empresa Tirotti, que havia sido usado para defender a autenticidade da assinatura contestada, foi questionado pela nova análise. O documento da Tirotti baseou-se principalmente no ângulo de inclinação da escrita, mas a análise atual aponta que os ângulos são, de fato, diferentes. Além disso, críticas foram levantadas sobre a metodologia utilizada pela Tirotti, como a escolha de comparar a assinatura contestada com um exemplar de título de eleitor de Ana Hickmann, que possui um campo de assinatura reduzido, o que impediu a observação do fenômeno da gladiolagem - além do título de eleitor ser um documento de mais de 20 anos, o que não é compatível com a boa prática da grafoscopia de manter a localidade temporal, ou seja, não se basear em documentos antigos justamente pelo fato de nossa assinatura mudar ao longo dos anos.

A perícia também foi acusada de "encobrir" evidências com excesso de elementos gráficos, como setas vermelhas, que dificultam a visualização das discrepâncias, e de propositalmente recortar itens importantes em seu laudo, como a data de emissão do título de eleitor utilizado para efeito de comparação.

A apresentadora Ana Hickmann, que sempre afirmou sua inocência, colaborou com a investigação fornecendo amostras de sua assinatura em diversos formatos, incluindo uma assinatura digitalizada em tablet. No entanto, essas amostras foram mal interpretadas pela Tirotti em sua análise, embasando a conclusão equivocada acerca de características gráficas que não estariam relacionadas ao punho, mas ao próprio instrumento escritor, como a caneta esferográfica utilizada, que deixa falhas naturais de entintamento no papel e que foram interpretadas pelo perito Tirotti como características associadas ao punho de Ana Hickmann, o que levantou suspeitas sobre a tendenciosidade do laudo.

Com base nas evidências apresentadas, a nova análise dos laudos conclui que a assinatura contestada não corresponde à assinatura original de Ana Hickmann e reforça a suspeita de falsificação. 

A reportagem da Fórum não conseguiu entrar em contato com Claudia Helena dos Santos. O espaço segue em aberto.  

Confira no video abaixo a análise técnica realizado pelo perito Mario Gazziro sobre os indícios de falsificação da assinatura de Ana Hickmann:  


 

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