ELEIÇÕES 2024

Quaest em São Paulo: desempenho de Datena é "sonho da terceira via"

Com campanha crítica ao atual prefeito e forte presença no eleitorado de renda mais baixa, candidato do PSDB ameaça ida de Ricardo Nunes para o segundo turno

Datena é pedra no caminho de Ricardo Nunes Créditos: Isac Nóbrega/PR
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Em uma disputa que tem tido o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) como protagonistas, o empate de ambos com o apresentador José Luiz Datena (PSDB), registrado pela segunda vez seguida em levantamento da Quaest, é um elemento que complica a corrida eleitoral, em especial para o emedebista.

Primeiro, a consistência reflete um esforço feito pelo candidato tucano, que tem concedido entrevistas e participado de sabatinas para colocar a campanha na rua. Isso fez com que seu nome aparecesse pela primeira vez na pesquisa espontânea, quando não são apresentados os nomes dos postulantes.

Embora as variações tenham ocorrido dentro da margem de erro, é possível verificar mudanças importantes quando são analisados os segmentos na sondagem estimulada. No principal cenário, por exemplo, Datena dá um salto entre eleitores que tem até o ensino fundamental, passando de 24% para 36%, mostrando não só que as pessoas estão sabendo de sua pretensão como também acreditam que, desta vez, ele será mesmo candidato, após ter tido seu nome oficializado em uma conturbada convenção partidária.

O apresentador lidera, após oscilar positivamente dois pontos, na faixa daqueles que ganham até dois salários mínimos, passando de 26% para 28%. E, pela primeira vez, aparece liderando entre os evangélicos, onde passou de 21% para 24% e superou Ricardo Nunes.

O peso dos apoios

Outro dado importante diz respeito aos apoios de figuras políticas aos candidatos. Boulos, com apoio de Lula, sobe de 23% para 28%, enquanto Nunes, com o de Bolsonaro, oscila negativamente de 26% para 25%. 

Isso mostra que o psolista ainda pode ganhar terreno, já que apenas 42% dos entrevistados indicam que ele é o candidato apoiado pelo atual presidente, enquanto, para Nunes, o apoio do ex-presidente passa a ser mais âncora do que impulso. 

Datena também representa um muro para o prefeito. Com o candidato do PSDB na disputa, Nunes anota 20% e 21% e, nos cenários em que ele não aparece, varia entre 24% e 33%. Com Pablo Marçal dividindo os votos do segmento mais à direita, a ida do prefeito ao segundo turno fica ameaçada.

A "terceira via" de São Paulo

Sem apoios importantes, Datena conta com o fato de 51% dos eleitores dizerem que querem um prefeito "independente", que não seja alinhado nem a Lula e nem a Bolsonaro. Como as questões locais pesam mais em uma eleição municipal, é possível que a estratégia da nacionalização tenha limites e acabe favorecendo a "terceira via", tão desejada e sonhada por muitos.

O discurso do apresentador tem sido quase todo direcionado contra Ricardo Nunes, com críticas pesadas que vão desde a zeladoria da cidade até insinuações sobre infiltração do crime organizado na gestão municipal. Dada a proximidade de sua imagem com o tema da segurança pública, não é à toa que esse ponto tem aparecido em suas falas.

Não deixa de ser curioso que o PSDB de São Paulo, que hoje não conta com nenhum vereador após uma debandada de sua bancada, jogue todas as suas fichas em alguém que não tem história na legenda e nem relação com o que seria a tradição do partido, que já ganhou três eleições na cidade. Sem qualquer nome viável, foi buscar alguém de fora para tentar retomar seu protagonismo. Às custas de se tornar quase uma sigla de aluguel.