ELEIÇÕES 2024

A senha de Pablo Marçal na sabatina

Ex-candidato do PRTB, nas entrelinhas e fora delas, na prática, desencorajou seu eleitor a votar em Nunes no domingo (27)

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Pablo Marçal tem um eleitorado a preservar, por isso jamais vai admitir votar em alguém de esquerda e reforçou isso na sabatina com Guilherme Boulos, dizendo "o meu voto, você não vai ter".

Ao mesmo tempo, anunciou que a votação no segundo turno teria um recorde de abstenção. Afirmou que achava triste as pessoas terem que ir votar no "menos pior". Em Roma, disse que, se voltasse para São Paulo, teria o dedo "travado" para apertar a tecla 5, dígito comum tanto ao 50 do PSOL quanto ao 15 do MDB, sugerindo um voto nulo.

Expôs Nunes ao telefonar para ele durante a live, não sendo atendido. Em sua verve antiesquerdista, afirmou que o prefeito era cercado pela centro-esquerda, aludindo ainda que o emedebista pertenceria ao que chama de "Consórcio Comunista do Brasil".

Ou seja, o ex-coach deu a entender, durante todo o tempo, de forma explícita ou implícita, que o voto em Ricardo Nunes não valia a pena. Praticamente legitimando o voto nulo ou a abstenção que ele mesmo previu que será recorde.

Não é à toa. Uma derrota de Nunes faria bem a Marçal, que poderia seguir na sua versão de que o adversário não foi humilde, que Tarcísio de Freitas "tem medo" dele e que Bolsonaro errou ao apoiar o atual prefeito da capital paulista, avaliações feitas por ele na sabatina. O ex-candidato do PRTB poderia ainda reivindicar que só ele poderia derrotar o "comunismo" na capital paulista.
Assim como o campo da direita/extrema direita se engalfinha em cidades como Goiânia, Curitiba e em outras cidades neste segundo turno, em São Paulo a disputa é mais silenciosa. Mas existe. 

No discurso e na prática (por estar fora do país), Marçal disse ao seu eleitor que não vale a pena votar no domingo. É a ausência tão temida por Nunes e que pode decidir uma eleição, se a disputa estiver acirrada até lá. Resta saber como o eleitor do candidato do PRTB vai responder.